Sociedade

50% dos alunos que frequentam TeSP prosseguem estudos para licenciatura

18 jul 2019 00:00

Cursos técnicos superiores preparam jovens para o mercado de trabalho.

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Quarenta e sete Cursos Técnicos Superiores Profissionais (TeSP) estão disponíveis pelas cinco escolas do Politécnico de Leiria e no núcleo de Torres Novas. Esta é uma nova modalidade de ciclo de estudos superiores, com a duração de dois anos, a que correspondem 120 unidades de crédito (ECTS).

Lançados no ano lectivo 2015/16, estes cursos não conferem grau, mas abrem as portas a quem quiser prosseguir estudos para uma licenciatura. Cinquenta por cento dos alunos do Politécnico de Leiria que frequentou TeSP acabou por se manter no ensino superior e entrou numa licenciatura.

“Aproximadamente 50% dos nossos estudantes fazem prosseguimento de estudos, o que quer dizer que, por defeito, podemos concluir que pelo menos 50% estão a ir para o mercado de trabalho, embora não signifique que quem faz prosseguimento de estudos não possa simultaneamente estar a trabalhar”, informa Rui Pedrosa, presidente do Politécnico de Leiria.

Este responsável explica que os TeSP “visam formar para as profissões técnicas”. “São cursos de curta duração, não conferentes de grau, mas de ensino superior. Isto é muito importante, porque os alunos têm os mesmos direitos e deveres de qualquer estudante no ensino superior, desde a acção social até à participação em todas as actividades da instituição”, acrescenta, lembrando que é possível, por exemplo, candidatarem-se a uma bolsa de estudo.

Cerca de 70 a 80% dos alunos que se candidata a um TeSP vêm do ensino profissional e vê nesta formação uma mais-valia para entrar no mercado de trabalho.

Segundo Rui Pedrosa, estes cursos são “diferenciadores” na medida em que têm uma “relação directa com a sociedade”. Seis meses do TeSP é de estágio obrigatório na área do respectivo curso.

“Isto permite adquirir competências, mas também fazer a ponte para o mercado de trabalho. Experiência Superior Se não confere grau, qual a vantagem destes cursos em detrimento de uma formação mais comum?

“Primeiro permite a estes alunos participarem de forma activa no ecossistema do ensino superior. Depois, estando aqui, podem utilizar os nossos melhores recursos humanos (professores) e participarem em projectos de inovação, com um ensino muito prático, que utiliza a nossa capacidade instalada nos laboratórios”, destaca Rui Pedrosa.

Insistindo que este é um ensino “com base no desenvolvimento de projectos”, o presidente acrescenta que permite ainda aos estudantes uma relação directa com as empresas, pela via dos estágios.

“Só isto já seria uma mais-valia tremenda, mas ainda há a porta aberta para as licenciaturas. É uma forma importante de os estudantes do ensino profissional chegarem ao ensino superior, tendo ainda especialização nestes cursos técnicos.”

Esta é também uma forma de entrar no ensino superior sem ter de passar pelos exames nacionais. No entanto, a licenciatura terá de ser sempre na área do curso técnico. “Se faço o TeSP em Gerontologia não tenho acesso a uma licenciatura na engenharia mecânica”, exemplificou Rui Pedrosa.

Os alunos podem candidatar-se a licenciaturas em outras instituições de ensino superior, mas se prosseguirem estudos na mesma escola poderão ter creditações em algumas unidades curriculares.

O ingresso no TeSP é feito através de uma candidatura online, com base nas notas do ensino secundário, que tem de estar concluído. Os estudantes podem escolher duas opções. Se não entrarem na primeira escolha, têm a possibilidade de entrar na segunda.

À semelhança do concurso nacional de acesso, decorre também em três fases, estando neste momento a desenrolar-se a primeira.

Depois de concluído o curso, os alunos podem candidatar-se a uma licenciatura, também sem terem de realizar qualquer prova. “A seriação está definida e publicada em edital e está correlacionada com a classificação obtida no próprio TeSP.”

Todos os cursos do Politécnico de Leiria disponibilizam cerca de 20% das vagas para os concursos locais, podendo entrar mais alunos em caso de empate. A candidatura para o registo de um TeSP é feita em articulação com o sector em causa.

Rui Pedrosa diz mesmo que a candidatura “tem de ser acompanhada com essa auscultação” e com os pareceres de municípios, empresas e associações empresariais”. Aliás, o curso só abre com a garantia de estágio a que as empresas se comprometem.

Garantindo que os TeSP do Politécnico vão ao encontro do que o mercado necessita, Rui Pedrosa salienta que a oferta é “bastante sólida e transversal” não só às várias escolas da instituição como “na actividade económica, social e cultural da região”.

“Este ano existem algumas novidades. Na área da saúde, além de Gerontologia passa a haver também Alimentação saudável e produtos de apoio em saúde. Temos ainda áreas importantes na indústria, como o TeSP na área da informática em colaboração estreita com a Deloitte, que é muito diferenciador, e outro na valorização dos recursos endógenos naturais do território, que é Gestão e tecnologia avançadas em recursos minerais, ligado à pedra ornamental e que foi criado em estreita articulação com as empresas do sector.”

Está em aprovação os TeSP em secretariado clínico, estética, cosmética e bem-estar.

Os números
1,5

milhões de euros é o investimento que o Politécnico de Leiria está a fazer em equipamentos, num projecto financiado pelo Centro2020, que nos vai “aumentar
a capacidade instalada e qualidade dos equipamentos nos laboratórios e que estes estudantes TeSP também vão usufruir”, revela Rui Pedrosa

871
euros é o valor da propina anual para 2019/20. “Os TeSP tinham uma propina ligeiramente mais baixa que a licenciatura, mas houve uma alteração legislativas decorrente da lei de Orçamento do Estado que colocou o máximo nas propinas era inferior ao máximo que tínhamos no TeSP, pelo que passam a ter o valor igual. O diferencial é reposto via Orçamento do Estado”, explica Rui Pedrosa

 

 

Investigação
Reclamação das notas


Politécnico de Leiria admite recorrer da classificação de algumas unidades de investigação atribuídas recentemente pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia. No caso do ciTechCare, “de facto, houve unidades que tiveram uma classificação global menor com melhor avaliação qualitativa”.

“O que acontece é que no primeiro parâmetro em que tivemos 3 acabou por ser decisivo para a classificação final, mas estamos a ponderar reclamar”, admite Rui Pedrosa. O presidente do Politécnico de Leiria sublinha, contudo, que o mais relevante foi ter “três unidades com proposta de avaliação de excelent, duas com proposta de avaliação very good e nove good”.

“Poderá haver ainda reclamação das notas de unidades que não lideramos e acreditamos que há ainda margem para melhorar. Mas de um modo global estamos muito satisfeitos com os resultados que reconhecem a qualidade da nossa investigação e nos dão capacidade, do ponto de vista do investimento financeiro, para suportar as unidades .”