Viver

"A maior verdade que a música me ensinou é que não devemos ter medo da diferença"

3 mar 2016 00:00

João Pedrosa, o mais recente colaborador da Omnichord Records, exibe a sua Impressão Digital no Jornal de Leiria.

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Trabalha na empresa dos pais e vive em casa deles. Nunca lhe puseram as malas à porta?
Não, sou aquilo que Blatter disse de Messi: "O filho que todos os pais gostavam de ter".
Morar com os pais é síndroma de Peter Pan ou sinal de inteligência?
Sinceramente nunca pensei muito nisso no alto dos meus 28 anos, talvez, quando chegar aos 30.
Qual foi a sua primeira tarefa na empresa da família?
Limpar a fábrica nas férias de Verão.
E a última?
Verificar se as carrinhas estavam com o material necessário para levar para as obras.
Diz-se que em Portugal metade das empresas familiares não passam à segunda geração.
Não é fácil para uma pequena empresa fazer uma grande planificação do futuro com a instabilidade em que se vive. Trabalhar em família nem sempre é fácil porque acaba por mexer com sentimentos e factores que numa empresa não familiar dificilmente aconteceriam e que perturbam muita vez o bom funcionamento.
Comente: "O pai constrói, o filho mantém e o neto destrói".
Segundo essa lógica, fico feliz de não ter sido o meu avô a fundar a empresa, depois para a contrariar estou disposto a não dar netos ao meu pai.
As carrinhas da Sedemel também já transportaram músicos para o Festival Entremuralhas. É a isto que os economistas chamam sinergias?
Na verdade, gosto mais de olhar na perspectiva de alguém que ajuda porque tem orgulho no festival e nas pessoas que o realizam, do que na perspectiva de uma empresa que ajuda porque vai dali tirar dividendos. Seja como for, é um orgulho nas carrinhas já se terem sentado bandas tão ilustres como Laibach, IceAge ou O.Children. Quando as quiser vender os senhores do stand vão ter que ter isso em conta.
Melhor noite no Castelo até hoje?
A melhor noite no Castelo foi no ano passado no dia de Laibach. Foi o maior nome que passou pelo Entremuralhas. Aquela envolvência toda entre público e banda foi mágica.
Aceitou integrar a estrutura da Omnichord Records só para ser motorista da Adriana Jaulino, dos Crazy Coconuts?
Sim! Sou um privilegiado, sei que muitos homens gostariam de estar na minha posição embora a Adriana tenha tiques de diva que nem sempre são fáceis de aguentar. Agora mais a sério, aceitei este desafio porque já trabalhei com o Hugo Ferreira e conheço a sua seriedade e a sua paixão pela música e, acima de tudo, porque acredito muito nesta nova vaga.
O lema da editora é aquela frase famosa do Kerouac. Que verdades é que a música já lhe ensinou?
Talvez a maior verdade que a música me ensinou é que não devemos ter medo da diferença. Devo à música muita coisa. Nunca me quis aproveitar dela mas tem sido impressionante tudo o que ela me tem proporcionado.

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