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Alcobaça exacerba paixão de Pedro e Inês através das artes
Até 14 de Novembro, Alcobaça torna-se o palco da quarta edição do Festival Literário e de Cinema. Da maior parte dos filmes, exposições, apresentações de livros, conversas e concertos agendados sobressai um denominador comum: Pedro, Inês e o amor sem fim.
No ano em que se assinalam os 650 anos sobre a morte de D. Pedro I, o Books & Movies - Festival Literário e de Cinema de Alcobaça está de regresso à cidade, com a figura do rei a dominar grande parte das exposições, apresentações de livros, ateliers, mesas-redondas, filmes e peças de teatro desta quarta edição que se estende até dia 14 de Novembro.
A vida de D. Pedro I entrecruza-se com a de D. Inês de Castro, pelo que a sua história de amor infinito, abordada nas mais diferentes formas de expressão artística, é também a tónica deste festival organizado pelo Município de Alcobaça.
Mas que ingredientes tornam esta narrativa intemporal, capaz de ser perpetuada através dos tempos e pelos mais diversos géneros artísticos? “Amor, paixão, morte e relações de poder” são algumas das razões pelas quais Pedro e Inês continuam a comover-nos, explica Jorge Pereira de Sampaio, doutorado em História, que neste Books & Movies cede cerca de 300 livros da sua colecção para a exposição bibliográfica Pedro e Inês Total.
Dispostos pelas montras dos estabelecimentos comerciais da zona histórica de Alcobaça e apresentados por subtemas (poesia, teatro, romance, ópera, entre outros), os livros permitem ao público viajar pela história dos dois amantes, adianta Jorge Pereira de Sampaio.
O historiador, que é também comissário das comemorações dos 650 anos da morte de D. Pedro, organizadas pela Associação dos Amigos de D. Pedro e D. Inês, explica que cedo se entusiasmou com a História de Portugal e se apaixonou por Pedro e Inês, “figuras estruturantes da cultura portuguesa”. Um interesse que se prende com o facto de ter nascido em Alcobaça e de pertencer a uma geração de crianças que brincava na rua e no mosteiro.
Este enredo tem atributos semelhantes ao de Romeu e Julieta, de Shakespeare, com a diferença de que a tragédia portuguesa é verídica, realça o investigador. E a coroação de D. Inês, feita rainha depois de morta - como é representadano seu túmulo, próximo do de D. Pedro - é prova de um amor infinito, que se perpetuou para além da vida, frisa o historiador. “É dos temas mais divulgados da cultura portuguesa pelo mundo”, salienta Jorge Pereira de Sampaio.
Ao estudar sobre Pedro e Inês, o investigador concluiu que a produção literária em torno do tema sempre mereceu a atenção por parte dos grandes vultos internacionais e que a quantidade de obras publicadas tem vindo a aumentar de século para século. São célebres as peças de teatro de Guevara (Espanha, século XVII) e de Houdar de La Motte (França, século XVIII). Até o próprio romancista francês Victor Hugo escreveu sobre Inês de Castro, sublinha Jorge Pereira de Sampaio.
Escrita em 1942, La reine morte, de Montherlant, foi também amplamente divulgada em França, onde já conta com mais de uma centena de edições, salienta o investigador. Curiosamente, esta peça de teatro chegou a ser interpretada pelos soldados em plena Segunda Guerra Mundial, realça o historiador.
No mundo inteiro existem manifestações de Pedro e Inês, seja no Brasil, no teatro, seja no Japão, na ópera, ou no Canadá, onde foi lançada uma ópera rock, refere Jorge Pereira de Sampaio. E a bailarina e coreografa portuguesa Lídia Martinez, que esteve sábado no Books & Movies, para dialogar com o público sobre o seu trabalho, é uma das figuras que mais tem contribuído para a divulgação do tema através da dança, nota o investigador.
Também nas artes plásticas esta é uma temática recorrente. Desde O Coração Independente Vermelho (2005), de Joana Vasconcelos, até à pintura, onde proliferam quadros em vários museus nacionais e também estrangeiros, como é o caso da Casa-Museu de Victor Hugo, em Paris. E as gravuras acerca da vida de D. Inês de Castro, feitas em versões bilingues multiplicam-se pela Europa, desde o final do século XVIII, bem como as esculturas, acrescenta o his
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