Sociedade
Armanda Hilário: "Quando fui Rainha, tive um Carnaval de sonho, vivi momentos que jamais esquecerei"
Taekwondo, folia, crepes e psicologia na Impressão Digital desta semana.
Sendo natural da Nazaré, não devia ter escolhido as sete saias em vez do dobok?
Sim, podia ter escolhido as sete saias, têm muito significado, são um dos ex-libris da minha terra. Mas optei pelo dobok, que uso até hoje, e do qual também muito me orgulho.
Mas sabe distinguir um chicharro?
Sim, apesar de não ser muito entendida na matéria, sei distinguir todo o tipo de peixe.
Quando a tiram do sério, costuma avisar que é cinturão negro em artes marciais?
Não! Gosto de apanhar as pessoas de surpresa. Não é muito fácil tirar-me do sério, sou uma pessoa tranquila, ponderada… mas, quando isso acontece, não costumo puxar dos galões, pois não é o cinturão negro que faz de mim aquilo que sou.
Já perdeu a conta ao número de medalhas e títulos nacionais?
Há coisas às quais não se perde a conta. Tenho 20 títulos de campeã nacional. Quanto às medalhas… são muitas. Momentos: o exame para cinturão negro, o primeiro combate e, sem dúvida, este terceiro lugar no Campeonato da Europa.
A lição mais importante que o taekwondo lhe ensinou?
Ensinou-me, sobretudo, a respeitar os outros e a mim própria, e a lutar pelos meus objectivos.
Uma frase que se aplica no tapete: cão que ladra não morde ou quem espera sempre alcança?
Para mim…quem espera sempre alcança. Sempre foi um dos meus lemas, e a prova disso são os últimos resultados que alcancei. Trabalhei muitos anos para esta medalha.
Aprender com o pai, que é mestre, tem mais vantagens ou desvantagens?
A única desvantagem é que eram sempre as filhas a pagar as favas. No entanto, é muito bom aprender com o mestre que também é pai. Foi sempre ele que me orientou neste caminho, neste meu percurso; foi sempre ele o meu mentor. É claro que é muito bom tê-lo sempre presente.
Ele pedia-lhe para não bater nas outras meninas?
Não, não era preciso. Eu fui sempre uma menina pacífica, nunca fui de estar envolvida em confusões.
Hilário contra Hilário: quem ganha?
Ganhamos os dois… o meu pai através da grande experiência de vida e de taekwondo, e eu, pelo que vou bebendo dessa mesma experiência e de todos os seus ensinamentos. Acho que é um empate justo.
E quem se mete com os Hilários leva?
Corre o risco. Não, nunca aconteceu. A primeira opção é sempre evitar o confronto; qualquer praticante deste tipo de modalidades tem a noção da sua força e das suas capacidades, e isso pode ser muito perigoso, daí…evitar sempre.
Outra área em que a família dá cartas são os crepes, famosos no Verão da Nazaré. O segredo está na massa?
Sim, um dos segredos está na massa, e esse nem eu sei, está bem guardado nos cofres do Senhor Crêpe. O outro segredo está no amor com que se fazem as coisas…
E as carteiras, porta-agendas e outras peças de artesanato com assinatura Armanda Hilário, ainda vão dar negócio com marca registada?
Em princípio não! É apenas um hobby, ajuda-me a relaxar, a descontrair...
Em criança sonhava ser campeã nacional de taekwondo ou rainha do carnaval da Nazaré?
Sonhava ser campeã nacional de taekwondo. Quanto a ser Rainha de Carnaval, nunca tinha pensado muito nisso. Adoro o carnaval, mas é uma coisa que se vive tão intensamente que não é preciso ser-se Rainha para que se vivam momentos inesquecíveis.
Quando desfilou na marginal com a coroa do Entrudo sentiu-se mais ou menos orgulhosa do que nos dias em que representa a selecção de Portugal?
Ser Rainha de Carnaval acontece uma vez na vida – no fundo, é o reconhecimento por tudo o que fizemos pelo Carnaval. Quando fui Rainha, tive um Carnaval de sonho, vivi momentos e experiências que jamais esquecerei. Representar a selecção nacional é, de facto, um grande orgulho; já o faço desde 2005 e cada vez que saio de casa com a minha bandeira, saio sempre muito feliz, muito orgulhosa…
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