Sociedade

Bombeiros: ainda há heróis

15 set 2016 00:00

Voluntários roubam às suas vidas para ajudar os outros

bombeiros-ainda-ha-herois-5011
Daniela Franco Sousa

São estudantes, médicos, empregados de supermercado, homens e mulheres como nós, que deixam a família, o emprego e o descanso para trás, para garantir, apenas e só, a vida dos outros.

 

Tem 38 anos, 23 dos quais vividos como bombeiro voluntário. Tiago Freire tem nos Bombeiros Voluntários de Pombal a extensão do seu lar. Entrou por influência de amigos e por lá se tem feito homem, desses com “H” mesmo grande.

Operador de guincho em helicópteros, numa entidade pública, Tiago reparte o seu tempo entre salvamentos, no emprego, e as missões voluntárias nos bombeiros. A não ser que os deveres laborais o impeçam – porque também aí é peça fundamental - são já incontáveis as vezes que teve de largar a família, a namorada e os amigos, deixar todos em suspenso, para sair com a corporação e acudir aos outros. A troco de nada, compensado apenas pelos olhares de profundo agradecimento, Tiago já reanimou idosos, fez partos, socorreu náufragos e livrou casas das chamas.

Porquê? Porque é esta a sua missão para com a sociedade. Apenas isso. Tiago é um dos muitos bombeiros que, sem receber vencimento em troca, arriscam as suas vidas na defesa das vidas e de bens dos portugueses. De acordo com a Liga dos Bombeiros Portugueses, de um total de 66.178 bombeiros, 28.771 são voluntários.

Na semana passada, uma notícia do JN avançava que este ano o Governo não tinha aprovado o regime de excepção que permite a bombeiros que são funcionários públicos faltarem ao serviço mais de três dias por mês (ou 36 por ano). A notícia acabou por ser desmentida pelo Ministério da Administração Interna. Ainda assim, o JORNAL DE LEIRIA quis saber quem são os homens que nos defendem e que voltas dão às suas vidas para, entre emprego e família, encontrarem tempo para servir os outros.

O medo e os filhos no pensamento

Com 42 anos, uma filha de cinco anos e outra de 11 meses, Jorge Santos já se sentiu gelar de medo. Um medo que lhe invadia o pensamento, ao mesmo tempo que lhe vinham à memória as imagens das filhas. Numa dessas ocasiões, estava a combater um incêndio em Tomar. Jorge foi um dos Bombeiros Voluntários de Ourém que acabou mesmo por ser hospitalizado.

Mas mal teve alta médica, ao primeiro soar da sirene, não hesitou e voltou a acudir mais gente aflita com o fogo. Gerente de uma empresa familiar de contabilidade, Jorge Santos diz ter a vantagem de ter o emprego e o quartel a uma distância de escassos metros, uma facilidade a que se junta também a de trabalhar por conta própria, o que permite as saídas à pressa do trabalho. Ajuda também o facto de ter uma esposa bombeira, que com ele comunga este espírito de missão.

Mas não são só os bombeiros que se envolvem no salvamento de pessoas e de bens. Existe toda uma estrutura familiar que tem de servir de rede de apoio aos soldados sempre que estes têm de se ausentar. Neste casos são os avós das meninas, salienta Jorge Santos.

Leia mais na edição impressa ou torne-se assinante para aceder à versão digital integral deste artigo