Sociedade

Câmara da Sertã diz desconhecer instalação de central solar na barragem do Cabril

14 abr 2022 11:01

O presidente do município, situado no distrito de Castelo Branco, afirma que soube da situação pela comunicação social

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Espera-se que o projecto seja comissionado até 2026
Vítor Oliveira
Redacção/Agência Lusa

O presidente da Câmara Municipal da Sertã, no distrito de Castelo Branco, afirma que apenas soube da instalação de uma central solar flutuante na barragem do Cabril, albufeira cujas margens são divididas entre este município e o concelho de Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, pela comunicação social.

O autarca sublinhou que o actual executivo municipal não foi informado pelas autoridades competentes.

“A Câmara [Municipal da Sertã] não pode deixar de ver com alguma preocupação a instalação desta infra-estrutura, pelo que irá abordar o Ministério do Ambiente e da Acção Climática no sentido de ser cabalmente esclarecida sobre as características do projecto em causa e sobre o seu real impacto no território”, afirmou o presidente do município da Sertã, Carlos Miranda.

Embora uma nota de imprensa tenha sido emitida na semana passada, pela Voltalia, onde a empresa informou ter conquistado o projecto de energia solar flutuante na barragem do Cabril, o JORNAL DE LEIRIA já havia noticiado o assunto em Novembro do ano passado.

Esta central “vai ser instalada perto da barragem do Cabril, na Sertã [, Castelo Branco]”, e “a capacidade instalada será entre 33 MW [megawatt] e 40 MW, dependendo da optimização final do projecto”, referiu.

A expectativa é de que “o projecto seja comissionado até 2026”.

Quanto às receitas, “serão suportadas por um contracto de 15 anos atribuído pelo Ministério do Ambiente e da Acção Climática, prevendo um preço de 41.025 euros por megawatt-hora”.

“A Câmara Municipal da Sertã teve conhecimento do projecto de instalação de uma central de energia solar flutuante na albufeira do Cabril, nas proximidades da barragem, através da comunicação social, não tendo sido informado - pelo menos o actual executivo não foi informado - pelas autoridades competentes, desconhecendo, assim, as características do projecto, nomeadamente o local preciso de implantação e os seus potenciais impactos”, sublinhou Carlos Miranda.

O autarca da Sertã realçou ainda que a barragem do Cabril é um recurso essencial para o território ao nível turístico, de captação de água para abastecimento ao seu concelho e concelhos limítrofes e um local fundamental para o abastecimento de aviões de combate a incêndios nos frequentes fogos florestais que assolam regularmente a região.

“Não obstante ser naturalmente, e por princípio, favorável à diversificação das fontes de energia e à produção de energias limpas no país, face à dimensão anunciada para o projecto, e considerando o desconhecimento a que se aludiu anteriormente, a câmara não pode deixar de ver com alguma preocupação a instalação desta infra-estrutura”, sustentou.

Neste sentido, Carlos Miranda afirmou que irá questionar o Ministério do Ambiente e da Acção Climática sobre o projecto em causa.

Já o presidente da Junta de Freguesia de Pedrógão Pequeno, na Sertã, disse também ter tido conhecimento do projecto pela comunicação social.

Manuel Dias desconhece por completo o projecto e adiantou que está a cumprir o seu terceiro mandato como autarca e nunca ouviu falar deste projecto.

Na terça-feira, a Câmara e o Clube Náutico de Pedrógão Grande manifestaram também preocupação com o impacto da instalação de uma central solar flutuante perto da barragem do Cabril.