Sociedade

Catarina Martins fala de "enorme trapalhada" e exige em Leiria que o Ministério pague todos os alunos do ensino articulado

16 set 2020 16:26

Líder do Bloco de Esquerda considera "absurdo" o resultado do concurso conhecido em Setembro. Reuniu com as escolas da região afectadas por cortes no financiamento que em alguns casos - SAMP, Orfeão de Leiria e Academia de Alcobaça - são superiores a 60%. Estudantes de música e dança estão matriculados e as turmas organizadas.

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Só no concelho de Leiria, na área da música, há 60 alunos sem financiamento garantido, mas já matriculados no quinto ano de escolaridade
DR

A líder do Bloco de Esquerda apelou hoje ao Ministério da Educação para que “muito rapidamente” assegure o financiamento de todos os alunos que estão matriculados no básico articulado de música e dança.

Catarina Martins, que desafia o Governo a encontrar uma resposta “no máximo, na próxima semana”, reuniu em Leiria com as escolas do ensino artístico especializado, que no último concurso sofreram cortes de 60% ou superiores, no caso da SAMP, do Orfeão de Leiria e da Academia de Alcobaça, por exemplo.

Nas listas definitivas de contratos de patrocínio 2020-2026, publicadas este mês, depois das matrículas aceites e as turmas organizadas, o concelho de Leiria consegue 38 vagas na área de música para o quinto ano de escolaridade do ensino básico articulado, mas existem 98 alunos matriculados.

Segundo uma nota do Município, em todos os níveis de ensino (iniciação, básico articulado e secundário) e nas duas disciplinas (música e dança), há 162 alunos já matriculados e distribuídos por turmas. Mas o Estado só está disponível para financiar 64.

Em declarações aos jornalistas depois da reunião que decorreu nas instalações da SAMP, nos Pousos, Catarina Martins considerou que o Ministério da Educação tem uma “enorme trapalhada” para resolver.

“O resultado deste concurso é tão absurdo que numa mesma turma de 20 alunos, imagine, oito são financiados e não têm de pagar, e os outros têm de pagar. É absurdo. Como é que numa mesma turma da escola pública a uns é dito que terão o ano lectivo normal, ou seja, a escola pública é gratuita, e a outros alunos da mesma turma é dito que terão de pagar propina para fazerem os seus estudos? É absurdo, eu diria, o Ministério da Educação envolveu-se aqui numa enorme trapalhada”, aponta a líder do Bloco de Esquerda.

Os dirigentes das escolas do ensino artístico especializado avançam que a Região de Leiria é a mais prejudicada no País.

A lista definitiva de vagas financiadas pelo Estado introduz cortes de 60% e 64%, face à média dos últimos anos, respectivamente, no Orfeão de Leiria e na SAMP, mas também o Instituto Jovens Músicos tem razões de queixa: candidatou-se a 10 vagas, recebeu uma.

Na Academia de Alcobaça, que pertence à região Oeste, o cenário não é melhor: um corte de 65% que implica a não entrada de 79 alunos matriculados.