Economia
Contratos a termo e estágios marcam entrada dos jovens no mundo do trabalho
Na última década, o emprego temporário tem-se tornado cada vez mais prevalente, com os mais jovens a ser os mais afectados. Quase 70% dos empregados entre os 15 e os 24 anos tem um contrato a termo
Patrícia Silva, natural de Ourém, considera-se sortuda. Após terminar, no ano passado, a licenciatura de Farmácia na Escola Superior de Saúde da Guarda, conseguiu emprego numa farmácia comunitária, após uma busca de emprego que caracteriza como “fácil”.
“Quando entrei para o mercado de trabalho, já tinha mais ou menos uma ideia do que ia ser”, afirma, citando as “expectativas” criadas por prévios estágios.
“Sei que nem sempre é assim”, adverte. “Muitas vezes demora-se algum tempo até se conseguir arranjar trabalho na nossa área.”
Patrícia relata as situações de ex-colegas de curso. Embora alguns tivessem experiências semelhantes à sua, outros “tiveram mais dificuldades”, com o lugar de residência a influenciar muitas vezes a situação.
A jovem de 23 anos trabalha com contrato temporário, caso que espelha uma quantidade cada vez maior de jovens a entrar no mercado de trabalho.
Um estudo realizado pela plataforma Brighter Future, da Fundação José Neves, revela que, em 2019, 47,1% dos empregados entre os 25 e os 34 anos tem esse tipo de contrato.
No caso dos trabalhadores com idades compreendidas entre os 15 e os 24, o número chega aos 69,1%. No espaço de uma década - 2010 a 2019 -, a contratação temporária entre as duas faixas etárias sofreu um acréscimo de 17 pontos percentuais, sendo os grupos de idades em que mais se verifica o fenómeno.
As habilitações são um dos factores que influenciam o tipo de contrato efectuado.
Na faixa etária dos 25 aos 34 anos, 51,3% e 50,1% dos graduados no ensino básico e no secundário, respectivamente, são empregados sob um contrato a termo, com o número a descer para os 38,6% no caso dos trabalhadores que completaram o ensino superior.
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