Covid-19

Covid-19: Ambulâncias retidas por dificuldades das urgências de Caldas da Rainha

4 jan 2022 10:52

Doentes aguardaram várias horas dentro dos veículos à espera de serem atendidos, depois de terem efectuado triagem

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Em Dezembro, na "urgência Covid", em Caldas da Rainha, foram atendidos 713 doentes
Ricardo Graça/Arquivo
Redacção/Agência Lusa

Seis ambulâncias estavam pelas 23:00 de segunda-feira retidas há várias horas à espera de que os doentes fossem atendidos na urgência de doentes respiratórios das Caldas da Rainha do Centro Hospitalar do Oeste (CHO).

Pelas 23 horas de segunda-feira, estavam à porta da urgência Covid das Caldas da Rainha duas ambulâncias dos bombeiros de Torres Vedras, desde as 12:30 e 14 horas, duas da Benedita, desde as 18 e as 21 horas, e uma de São Martinho do Porto, desde as 17 horas, e uma ambulância de transporte de doentes.

Os doentes aguardaeam várias horas dentro dos veículos à espera de serem atendidos, depois de terem efectuado triagem, apurou a agência Lusa no local.

Já na urgência geral de Caldas da Rainha, encontravam-se em espera duas ambulâncias de Caldas da Rainha, mas, de acordo com os bombeiros, chegaram a estar retidas 16 macas deixadas por ambulâncias de várias corporações de bombeiros da região.

O comandante dos bombeiros de Torres Vedras, Hugo Jorge, confirmou à Lusa que uma das duas ambulâncias que estavam na urgência Covid desde as 12 horas tem o respectivo “doente sentado na ambulância porque ainda não tinha sido atendido, por falta de macas e por dificuldades de atendimento” na urgência.

“Já tivemos de trocar de guarnições”, acrescentou a mesma fonte, adiantando que, durante o dia de segunda-feira, 13 ambulâncias chegaram a fazer fila de espera à porta da urgência geral das Caldas da Rainha, pelos mesmos problemas.

“Tivemos uma senhora que teve de ser higienizada duas vezes dentro da ambulância por profissionais do hospital, devido aos tempos de espera”, exemplificou.

“Esta situação é o prato do dia”, disse à Lusa o comandante dos Bombeiros de S. Martinho do Porto, João Bonifácio, que, às 23 horas, tinha ainda no local uma ambulância e “outra regressou ao quartel, mas sem maca”.

O comandante considera preocupante que “este cenário constante possa pôr em causa o socorro a doentes urgentes, correndo-se o risco de haver um acidente grave para o qual os carros não possam sair, por não terem maca”.

João Bonifácio afirmou já ter questionado o CODU (Centro de Orientação de Doentes Urgentes) de Coimbra, que “disse não ter conhecimento da situação”, e alertou para “o cansaço dos voluntários que já começam a recusar fazer estes serviços porque sabem que vão ficar retidos horas, muitas vezes para além do seu horário, o que está a criar situações de revolta”.

Já o comandante dos bombeiros do Cadaval, David Santos, afirmou à Lusa que, durante segunda-feira, a corporação teve uma ambulância retida na urgência geral das Caldas da Rainha entre as 8:30 e as 18:30 horas e teve outra transferida para a urgência covid do Hospital de Santa Maria, em Lisboa.

“Os poucos meios que temos ficam retidos nas unidades hospitalares e podemos ter situações de socorro e não ter meios nem dentro, nem de fora do concelho”, alertou.

As mesmas fontes adiantaram que a urgência de doentes respiratórios (Covid-19) de Torres Vedras está encerrada desde quinta-feira, por isso as ambulâncias são desviadas pelo CODU para Caldas da Rainha ou para outros hospitais.

O adjunto do comando dos bombeiros do Bombarral, João Paulo Baptista, disse à Lusa que, na segunda-feira, a corporação teve duas ambulâncias retidas na urgência Covid de Caldas da Rainha “desde antes da hora de almoço até às 20 horas por falta de macas e dificuldades de atendimento na urgência.

“Deixámos lá a maca e a ambulância regressou com a guarnição, para os nossos homens ficarem disponíveis para outras ocorrências”, acrescentou a fonte, adiantando que, na ocasião em que a ambulância saiu da urgência, a maca respectiva era a “décima em espera”.

As mesmas fontes afirmaram que, desde o início de Dezembro, se tem notado uma maior afluência às urgências gerais e Covid do CHO, o que tem aumentado os tempos de espera para os doentes serem atendidos nas urgências hospitalares.

A Lusa contactou a presidente do conselho de administração do CHO, Elsa Baião, mas esta esteve incontactável.

O Centro Hospitalar do Oeste integra os hospitais de Torres Vedras, Caldas da Rainha e de Peniche e detém uma área de influência constituída pelas populações daqueles três concelhos, Óbidos, Bombarral, Cadaval e Lourinhã, e de parte dos concelhos de Alcobaça (freguesias de Alfeizerão, Benedita e São Martinho do Porto) e de Mafra (com exceção das freguesias de Malveira, Milharado, Santo Estêvão das Galés e Venda do Pinheiro).