Sociedade
Escuteiros de Leiria-Fátima desafiados a fazer mais pelo Ambiente
"Lembram-se da publicidade: É só desta vez!? Pois é desta preocupação com o Ambiente, que sei ser preocupação de todos nós, que partilho esta reflexão."
No último Conselho Regional da Região de Leiria-Fátima do Corpo Nacional de Escutas, um dos dirigentes regionais, Pedro Ascenso, aproveitou a oportunidade e a presença dos representantes da mais de três dezenas de agrupamentos de escuteiros da Diocese de Leiria-Fátima, para afirmar que os escuteiros podem e devem fazer mais pela protecção do Ambiente, tal como está estabelecido nos pilares do movimento.
O dirigente pediu a todos os dirigentes adultos presentes mais acção local e menos passeios inconsequentes. “Objectivos de actividades que são: Ir a algum lado, Ir às ilhas, Ir a um país. Ir a… não é Escutismo: Escutismo é fazer, não é ir.”
Sugeriu ainda que, até nas refeições dos jovens, os dirigentes tenham uma preocupação com a pegada ambiental, utilizando menos plástico, que promovam a Política dos três R: Reduzir, Reutilizar e Reciclar em todas as suas actividades, sejam elas uma feijoada, festival de sopas ou uma caminhada pela Natureza.
Pedro Ascenso desafiou ainda a região e a Junta Regional de Leiria a criar serviços de formação para os dirigentes, compostos por especialistas e consultores que apoiem os agrupamentos e as actividades regionais, na busca de maior protecção ambiental e preocupação com o planeta Terra.
Leia aqui a mensagem de Pedro Ascenso
Nem mais uma vez
Lembram-se da publicidade: É só desta vez!? Pois é desta preocupação com o Ambiente, que sei ser preocupação de todos nós, que partilho esta reflexão.
A existência do Escutismo e do CNE viu atravessar este calvário da degradação do nosso planeta. E a pergunta é: nós somos espectadores deste calvário?
Somos como Pilatos: vemos, mas lavamos as mãos? Somos tímidos agentes? Ou somos fortes, determinados e consequentes com a nossa génese de protectores do meio ambiente?
Este calvário pode resumir-se em poucas linhas:
- Começou por ser desenvolvimento;
- Passou a ser poluição;
- Começaram-se a perceber sinais por todo o Mundo;
- Suspeitou-se da interferência humana;
- Confirmou-se a responsabilidade humana;
- Chamou-se Alterações Climáticas;
- E agora é Emergência Climática.
No prazo de duas ou três décadas estamos em pânico.
- A ONU e o seu presidente Guterres colocam este assunto no topo das prioridades e desdobram-se em acções por todo o mundo;
- Os países reúnem-se e ratificam acordos de descarbonização sempre ambiciosos, mas cada vez menos tangíveis;
- O nosso Governo até muda o nome ao ministério que agora se chama: Ministério do Ambiente e Transição Energética;
- O Papa refere-se insistentemente a este problema.
Já em 2015, na Encíclica Laudato Si, o Papa refere-se à relação preocupante e imprópria que temos com esta Casa Comum (nosso planeta), comparando-a carinhosamente a uma “irmã ou mãe”.
E Nós? Nós Escuteiros somos reactivos a este pânico? O CNE, como sabemos, é referência nacional como associação de defesa do ambiente.
Além de toda a sociedade associar sempre o nosso movimento à protecção do ambiente, é também oficialmente registada com o n.º 5 entre as Organizações não Governamentais de Ambiente nas seguintes áreas:
- Educação ambiental e desenvolvimento sustentável;
- Protecção de Conservação da Paisagem e do património natural construído;
- Faz também parte da Confederação de Associações de defesa do Ambiente, sendo institucionalmente activa estas associações.
Mas pergunto: Onde está a prioridade do respeito pelo meio ambiente no dia-a-dia das nossas actividades? Será que somos associação de defesa do ambiente só porque as nossas actividades usam a Natureza para se desenvolverem. Algumas vezes ou muitas, sim usamos e exploramos. Será que defendemos e protegemos?:
- Fazer raides, hikes, pistas, jogos de cidade, bivaques… e a alimentação ser ração de combate, entregue em saquinhos, com embalagens individuais de sumos, leite, água, barrinhas de cereais, pacotes de bolacha, compota individual: NEM MAIS UMA VEZ.
- Objectivos de actividades que são: Ir a algum lado, Ir às ilhas, Ir a um país. Ir a… não é Escutismo: Escutismo é fazer, não é ir. Ir a: NEM MAIS UMA VEZ.
Felizmente o Escutismo conta com o Imaginário que nos pode levar ao local mais longe, aqui mesmo ao nosso lado.
Sabemos que as melhores actividades para os nossos Escuteiros nada têm que ver com o sítio onde são feitas, mas sim a felicidade, as conquistas e a superação que sentem: Isso sim, é ASK THE BOY.
- Fazer festas, eventos, festivais de sopas e feijoadas, colaborar com as festas da paróquia e das associações e não fazer ou promover a separação de resíduos: NEM MAIS UMA VEZ.
- Usar plásticos descartáveis e enrolar com eles os restos, as sobras, e as toalhas: NEM MAIS UMA VEZ.
- Ir às compras para as actividades, no hipermercado sem olhar à proveniência dos produtos, que muitas vezes atravessam continentes e oceanos com um enorme custo ambiental, sem privilegiar o comércio e os produtos locais: NEM MAIS UMA VEZ.
- Fazer o lançamento de actividades, conceber as actividades elegê-las e enriquecê-las sem perceber a implicação ambiental ou a chamada pegada ambiental? Avaliar sem perceber que podíamos ter feito ainda melhor pela protecção do meio ambiente? NEM MAIS UMA VEZ.
Somos peritos reconhecidos em métodos educativos em pedagogia e estratégias pedagógicas. Temos esta ferramenta de Baden-Powell que faz milagres.
Temos o dever e a responsabilidade de a usar já para combater este pânico, este cancro que se apodera da nossa humanidade, esta emergência que já é uma urgência.
Desafio os agrupamentos a incorporarem já este olhar, esta preocupação e agirem no dia a dia em todos os momentos e actividades, porque esta educação ambiental faz-se com exemplo.
Desafio a região e a Junta Regional a criar serviços de apoio: de formação para os dirigentes; de especialistas e consultores que apoiem os agrupamentos e as actividades regionais; de vozes activas que possam levar esta preocupação para a sociedade por mão do CNE;
- de estímulos e prémios para as melhores práticas e para as actividades com menos pegada ecológica, etc…
Somos criativos. Somos activos. Somos reactivos. Ficar parados? NEM MAIS UMA VEZ.
Pedro Ascenso