Desporto

João Almeida: “O líder sou eu, só temos uma carta para jogar”

4 mai 2022 16:14

Ciclista das Caldas da Rainha está prestes a começar a Volta a Itália em bicicleta. Giro arranca sexta-feira em Budapeste e termina a 29 de Maio em Verona.

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O atleta fez estágio em altitude na Serra Nevada, em Espanha, para o Giro de Itália 2022
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Redacção/Agência Lusa

O ciclista João Almeida, de A-dos-Francos, das Caldas da Rainha, mostra-se confiante por ser o líder da UAE Emirates na Volta a Itália em bicicleta, que começa esta sexta-feira e na qual ambiciona chegar ao pódio da geral final.

Depois do quarto lugar em 2020, e do sexto em 2021, em ambos os casos na Deceuninck-QuickStep, o português mudou-se para a UAE Emirates e hoje, em conferência de imprensa, não se cansou de se assumir como líder único, um ano depois de partilhar essa liderança com o belga Remco Evenepoel, para quem trabalhou e que acabou por abandonar.

“Não quero realmente comparar [uma equipa com a outra]. Agora, estou confiante nos meus colegas de equipa, estamos todos focados no mesmo objectivo. O líder sou eu, e aqui há equipas com mais do que um líder. Só temos uma carta para jogar, sou eu”, reforçou.

A ideia de ser protegido pela equipa, de todos trabalharem com “um único objectivo”, de ter “sete colegas para trabalhar para o mesmo”, foi sendo repetida ao longo da conversa com jornalistas.

Depois de surpreender o pelotão em 2020, no primeiro ano entre o WorldTour, e da polémica partilha de responsabilidades com Remco Evenepoel, no ano seguinte, o ciclista de 23 anos afirma-se, para dentro, para a equipa, e para fora também.

A seu lado terá dois portugueses, Rui Costa e Rui Oliveira, além dos italianos Diego Ulissi, Davide Formolo e Alessandro Covi, numa formação completa com uma outra ‘frente de batalha’ da equipa, os ‘sprints’, com o velocista colombiano Fernando Gaviria acompanhado do ‘lançador’ argentino Max Richeze.

Ter compatriotas na equipa, com o trio a compor o contingente português na prova, permite “fazer umas piadas e falar a língua materna”, mas frisou que na equipa “há um bom ambiente”: “Somos todos amigos e estamos muito felizes."

A nível pessoal, a “responsabilidade” alia-se a “alguma pressão, não muita”, com uma condição física “melhor, no geral”, depois de mudanças no treino, com a transferência, à procura de “ser mais forte do que antes e estar melhor nas montanhas”.

Além das principais ascensões, do Monte Etna, na quarta etapa, ao Blockhaus, na nona, entre outras, sobretudo “no final da segunda semana e na terceira semana”, também “o frio e a chuva trarão dificuldades acrescidas”.

“Este ano, não há muitos quilómetros de contrarrelógio. (...) Temos uma nova bicicleta, que tem registado bons números e é melhor do que a antiga. Isso já é uma vantagem, e estou muito ansioso por correr com ela pela primeira vez e testá-la na estrada em competição”, acrescentou o ciclista do distrito.

De resto, este ano, João Almeida vê o percurso como “um pouco mais difícil do que no passado, com etapas com muito acumulado e muitas subidas”, numa 105.ª edição em que, como sempre, “todos os dias contam, todos os segundos contam, e é preciso ser mentalmente forte”, uma ideia que tem repetido há anos.

“Se não cair, se não adoecer, continuar bem de saúde e acabar na frente, é um bom Giro. Claro, gostava um dia de vencer uma etapa, mas é muito difícil. Quero estar nos primeiros lugares, é esse o objetivo”, relativizou.

Quanto aos adversários, o ciclista das Caldas da Rainha é claro. “Richard Carapaz é o favorito número um”, apontou o português, destacando a boa forma e a força mental do equatoriano que vai liderar a INEOS à procura de novo triunfo no Giro, depois de 2019.

Outro nome pelo qual foi questionado foi o do colombiano Miguel Ángel López (Astana), que considerou ser “um dos melhores escaladores do pelotão” e em boa forma, perspetivando, de resto, uma “boa batalha entre todos, porque só pode ganhar um”, além de elogiar os blocos de INEOS e Jumbo-Visma, ambas com “mais do que uma carta para jogar”.

De resto, a parceria com o esloveno Tadej Pogacar, seu colega de equipa e vencedor das últimas duas edições da Volta a França, nem sempre inclui conversas sobre ciclismo ou ‘dicas’ sobre grandes Voltas.

“Por vezes sim, outras vezes não. Disse-me para ir dia a dia e ter confiança no trabalho. No fim de contas, tem tudo a ver com as pernas que temos”, simplificou.

A Volta a Itália de 2022, a 105.ª edição da prova, começa em Budapeste, na sexta-feira, e termina em Verona, em 29 de Maio, 21 etapas depois.