Sociedade

Jovens e política, um casamento difícil de consumar

21 set 2017 00:00

Afastamento. Com mais um acto eleitoral à porta, desta vez para as autarquias locais, o JORNAL DE LEIRIA foi ouvir a opinião de jovens sobre a política e tentar saber se tencionam votar no próximo dia 1. A maioria das respostas revelam desinteresse.

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Maria Anabela Silva

Das primeiras vezes que votou, Pedro Vazão fê-lo por pressão dos pais e, admite agora, “inconscientemente”, sem saber muito bem as razões da escolha. Hoje, aos 28 anos, assegura, já “é diferente”.

A entrada no mercado de trabalho, primeiro como militar na Força Aérea e depois na indústria dos moldes, aproximou-o da política. “Penso mais no futuro e sei que eles [os políticos] e as decisões que tomam influenciam a minha vida, de forma mais ou menos directa. É importante que tenhamos uma palavra a dizer na escolha de quem nos vai representar”, afirma o jovem de Porto de Mós, reconhecendo, no entanto, que a “maioria” dos seus amigos e conhecidos “não ligam nada” ao assunto e não participam sequer nas eleições.

À pergunta de quem é a culpa desse desinteresse, Pedro Vazão não hesita: “É de todos”, a começar pelas famílias, passando pela escola e pelos políticos, sem deixar de fora os próprios jovens. “Em casa, vai-se passando a mensagem de que os políticos são todos iguais. Nas escolas não se fala de política e, muito menos, de forma cativante”, alega, frisando que a “imagem que os políticos passam” também não abona a seu favor.

“Prometem muito mas cumprem pouco”, complementa Eliana Correia que, nestas autárquicas, pode votar pela primeira vez. No entanto, a jovem, residente em Porto de Mós, já decidiu que não irá exercer esse direito. Porquê? “A política não me diz nada. Não sei em quem votar e, como desconheço quem são os candidatos, o mais sensato é não votar”, responde, reconhecendo, contudo, que a “política é importante”. Mas, “como ainda não me influencia directamente, passa-me ao lado. Talvez quando começar a sentir na pele as decisões dos políticos me venha interessar-me mais”. 

Eliana Correia não está sozinha neste seu desinteresse pela política. Pelo contrário. A pouco mais de uma semana para as eleições autárquicas, o JORNAL DE LEIRIA foi ouvir jovens da região, com o objectivo de perceber se tencionam exercer o direito de voto e se conhecem ou sabem quem são os candidatos à câmara ou à junta de freguesia da sua terra.

Entre respostas que revelam total desconhecimento dos nomes, há quem identifique alguns dos candidatos dos partidos com maior representação. A principal razão apontada pelos inquiridos para esse desconhecimento é o desinteresse pela actividade política e a descrença nos partidos.

Menor integração, menos participação

As opiniões expressadas pelos jovens ouvidos pelo JORNAL DE LEIRIA estão em linha com os resultados de vários estudos sobre a ligação entre os mais novos e a política. Em 2015, o estudo Emprego, mobilidade, política e lazer: situações dos jovens portugueses numa perspectiva comparada, encomendado pelo então Presidente da República, Cavaco Silva, revelava que cerca de 57,3% dos jovens entre os 15 e os 24 anos não tinham nenhum interesse por política e apenas 8% afirmavam interessar-se “bastante” pelo

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