Viver
Junco: a arte da aldeia de Castanheira vai aonde os novos criadores quiserem
O projecto Coz'Art casa a tradição centenária das esteiras e ceiras com o olhar contemporâneo dos estudantes de design.
As propostas dos jovens criadores rompem com mais de um século de tradição e há quem veja neste momento a oportunidade para reabilitar um património em declínio. Quase três dezenas de alunos da Escola Superior de Artes e Design de Caldas da Rainha (ESAD.CR) estão a descobrir novos mundos na arte de trabalhar o junco, actividade com raízes na aldeia de Castanheira, no concelho de Alcobaça. Ao lado das tradicionais ceiras e esteiras, surgem mochilas, alforges e carrinhos de compras, lancheiras, malas, cestos e estojos, mas também bancos, mesas e candeeiros, toalhas, vasos, porta-garrafas, um saco-cama e até ninhos de pássaros e um casaco. A colecção mora até 30 de Setembro na antiga adega das monjas, em Coz.
Natural de Castanheira e ali residente, Eurico Leonardo é o homem que faz a ponte entre o passado e o presente. Foi ele que imaginou o projecto Coz'Art no Centro de Bem Estar Social (CBES) da freguesia de Coz, lançado no final de 2015, a que a Câmara Municipal de Alcobaça e o Instituto Politécnico de Leiria se juntam como parceiros. Aprendeu a tecer o junco com a mãe em tempos que já não voltam e quer agora passar o testemunho a novos artesãos, que ajudem a perpetuar uma história onde cabem milhões de gestos repetidos e um número indeterminado de rostos anónimos.
Durante um semestre, na ESAD.CR, alunos da licenciatura em Design de Produto, Cerâmica e Vidro e do mestrado em Design de Produto estudaram a técnica de tratar, corar e tecer o junco – e desenvolveram ideias para objectos contemporâneos, que pretendem ser inovadores, com elevado potencial comercial. Se, por um lado, se pediam novas tipologias de produtos, novos materiais e novas técnicas de produção, por outro, as propostas teriam de ser material e tecnicamente exequíveis, corresponder a necessidades identificadas e sustentar uma ideia de negócio para todos os envolvidos na produção. O resultado, com a participação de 26 estudantes, já esteve em exposição no Museu do Vinho de Alcobaça e fica até ao final do mês na aldeia de Coz.
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