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Leiria para Totós: a Rotunda dos Beastie Boys

26 fev 2016 00:00

Leiria para Totós é a informação que faltava, mas provavelmente nunca vais precisar. A cábula para quem julga que Rodrigues Lobo era o vilão da história dos Três Porquinhos

Nesta rubrica a Preguiça recorda o nome esquecido na placa, o edifício em ruínas, a estátua coberta com lingerie na semana académica. É possível que estes textos venham a ser úteis, se algum dia existir a edição Leiria do Trivial Pursuit.Fora isso, não estamos a ver. 

Há uma rotunda em Leiria que te leva para outra dimensão, talvez numa viagem à era da industrialização, com pit stop em Marte para um chiripiti de kryptonite. Ok, talvez não tanto, vai depender muito da droga que estiverem a usar. Mas lá que tem qualquer coisa de intergaláctico tem, essa até o gajo mais careta consegue tirar de letra. Já chegaram lá?

Vai uma pista: é a rotunda da Av. Adelino Amaro da Costa. Também não vão lá assim não é? Ok, vamos usar a ajuda de casa? Então cá vai. “A rotunda das máquinas... dos robôs... rotunda dos Beastie Boys”.

Agora já sabem não é? Rotunda das máquinas e dos robôs vá, chega-se lá de forma relativamente intuitiva, mas rotunda dos Beastie Boys já requer um bocadinho mais de ginástica mental.

Mesmo assim nada que não se consiga desvendr, especialmente se conhecerem bem a banda de hip-hop norte americana e a sua onda “another dimension. Se não conhecerem, fica o convite para irem ver o videoclipe da música Intergalactic que rapidamente chegam lá. Já agora as nossas felicitações a quem se lembrou da analogia.

Um bocadinho rebuscada mas não totalmente esgrouviada. Ah! e votos de que continues a dar nessa droga inspiradora. Bom, já brincámos um pouco, se calhar é melhor mudar para um tom mais sério (avisamos que já tentámos várias vezes e normalmente não conseguimos) até porque isto pode ser a página da Preguiça, mas estamos no JORNAL DE LEIRIA, um órgão de comunicação sério e reputado.

Na verdade é impossível ficar indiferente à imponente obra que habita aquela rotunda desde 2001, mas o que sabemos sobre aquele conjunto escultórico? Crentes que muitos de vós saberão pouco ou até mesmo nada fomos escavar e descobrimos meia-dúzia de coisas.

A obra é da autoria de Abílio Febra, a quem a Câmara Municipal de Leiria lançou, no ano 2000, o desafio de criar uma escultura que homenageasse a indústria dos plásticos para vir a ocupar o centro da dita rotunda. “Na altura, Leiria acabava de crescer para além do rio e havia uma larga rotunda, vazia e descuidada, no entender da vereação, mesmo a pedir uma escultura”, explicou-nos Abílio Febra.

No entender da vereação, salvaguarde-se porque no entender do escultor nem por isso. “Ainda tentei uma localização alternativa fora da dita zona de trânsito, mas não houve consenso”. “Nunca entendi as rotundas como palco ideal para esculturas mas era a primeira oportunidade que tinha de fazer uma intervenção na minha cidade e acabei por aceder ao pedido”, lembra.

Na encomenda, estava implícito que o projecto incluísse duas máquinas ligadas à indústria dos plásticos: uma extrusora e outra injectora. Após tomar conhecimento da dimensão das máquinas, que acabou por verificar serem maiores do que imaginava, a preocupação do escultor foi enquadrá-las no espaço envolvente.

Havia, portanto, um problema de escala que era preciso resolver, por forma a enquadrar a obra com os edifícios bastante altos que circundam a rotunda. O resultado final acabou por ser uma homenagem aos trabalhadores do sector dos plásticos que personificam as duas grandes peças que compõem o conjunto.

“Qualquer obra que não seja visualmente evidente arrisca- se a que lhe ponham rótulos. Estes Guerreiros não são os da destruição, da guerra propriamente dita. São sim, os que lutam no dia-a-dia, os que trabalham. O resultado desta luta não é a destruição, mas sim a produção”, desmonta Abílio Febra. “Esta escultura conta-nos um milagre. Na ponta da lança sai a vida”.

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