Sociedade

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12 jan 2017 00:00

A morte de Mário Soares era já uma morte anunciada. Durante 25 dias aguardava-se, a qualquer momento, que tal acontecesse. A morte é sempre triste, mas inevitável.

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 E no caso de Mário Soares é o corolário de uma longa vida que viveu, plenamente, com coragem e determinação. Mas também com alegria e prazer.

A minha mais antiga recordação de Mário Soares reporta-se ao tempo da ditadura, aquando das eleições à Assembleia Nacional ocorridas em 1969, em que foi candidato pela lista da CEUD, após a cisão com a CDE.

Recordo também a sua defesa dos presos políticos no Tribunal Plenário, as suas sucessivas prisões, a sua deportação para S. Tomé e seu exílio em Paris, onde se encontrava no 25 de Abril.

O seu regresso a Portugal, no dia 28 de Abril, no “comboio da liberdade”, trouxe-nos a certeza inabalável de que já nada pararia a revolução. E assim aconteceu… Mas após o 25 de Abril, e particularmente após 1975, a minha visão sobre Mário Soares alterou-se de forma significativa.

E para isso em nada contribuiu o processo de descolonização, pelo qual, ainda hoje, é vilipendiado sem qualquer fundamento e por quem demonstra um total desconhecimento da história.

Pessoas que, até já após a sua morte, insultam a sua memória. Mas o ódio irracional não merece sequer que se perca tempo a falar sobre ele. Mas tempos houve em que considerei Mário Soares um político de direita, uma vez que as minhas opções políticas eram – e são – diferentes.

Encontrava-me então, nos tempos conturbados de 1975, do outro lado da barricada. Aliás, a única vez que votei Mário Soares foi na segunda volta das presidenciais que o opuseram a Freitas do Amaral.

A sua vitória foi uma festa! Vim para a rua festejar, consciente de que a liberdade e a democracia tinham dado um importante passo para a sua consolidação. Mais tarde recordo o papel de Mário Soares como Presidente da República, especialmente no seu segundo mandato, em que me revi em muitas das medidas que preconizava.

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