Saúde

Médica de Leiria integra equipa que está a testar técnica inovadora no cancro do pulmão

10 out 2022 13:46

Sónia Silva é coordenadora da Pneumologia Oncológica no Serviço de Pneumologia do Centro Hospitalar de Leiria. Técnica em causa está a ser usada em doentes de Leiria e Coimbra.

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Sónia Silva (3ª a contar da dirtª) integra Serviço de Pneumologia do hospital de Leiria
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Médica pneumologista e coordenadora da Pneumologia Oncológica no Serviço de Pneumologia do Centro Hospitalar de Leiria, Sónia Silva integra a equipa de investigadores da Universidade de Coimbra (UC) que testou, pela primeira vez em Portugal, a Imuno-PET, uma técnica inovadora para o tratamento no cancro do pulmão. O exame em causa pode ajudar a prever a resposta aos tratamentos de imunoterapia utilizada em doentes com aquele tipo de tumor.

Em comunicado, a UC salienta que “este exame pioneiro tem potencial para vir a integrar os exames de estadiamento no cancro do pulmão, permitindo identificar a terapêutica potencialmente mais adequada para cada doente”, e já está a ser utilizado em doentes com cancro do pulmão de Coimbra e Leiria, como parte de um estudo clínico a decorrer no Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde (ICNAS) da UC.

Citada naquela nota, Sónia Silva, que é também aluna de doutoramento na Faculdade de Medicina da UC, explica que a Imuno-PET pode vir a permitir “seleccionar melhor os doentes no futuro para o tratamento mais indicado” e “impedir que se possa perder tempo, ou até mesmo o doente, com terapêuticas que não resultarão em resposta e controlo da doença”.

A utilização desta técnica permite fazer uma avaliação de corpo inteiro do doente, sinalizando as zonas que estão afectadas pelo cancro e prevendo a resposta de doentes ao tratamento de imunoterapia, uma das terapêuticas mais promissoras utilizadas em doentes com cancro de pulmão em estádio avançado, acrescenta a médica.

Sónia Silva frisa que o cancro do pulmão é a principal causa de morte por cancro em Portugal, sendo um dos mais frequentes e tem “uma incidência crescente”. É também um dos tumores “mais agressivos”, o que está relacionado com o facto de muitos doentes chegarem já em estado avançado – os estádios precoces, que são os operáveis, muitas vezes não dão sintomas. “Nestes casos avançados, a doença já não está apenas nos pulmões, mas em vários órgãos, o que corresponde ao estádio IV”, nota Sónia Silva.

A técnica está a ser utilizada no âmbito de um estudo clínico envolvendo o Serviço de Pneumologia do CHL a e o Serviço de Pneumologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, em colaboração com o ICNAS.

Os ensaios clínicos desenvolvidos até ao momento têm envolvido doentes com diagnóstico de cancro do pulmão de não pequenas células (o mais prevalente), indicados para fazerem um tratamento de imunoterapia. Os doentes fazem todos os exames habituais e recebem o acompanhamento usual, realizando a Imuno-PET como uma técnica de diagnóstico extra.

Num primeiro caso clínico, já em curso, o doente está a responder bem. “A Imuno-PET fixa nos locais onde está a responder à terapêutica, estando concordante com a resposta que está a ter ao tratamento”, revela a doutoranda da Faculdade de Medicina da UC.

O estudo enquadra-se no projecto de doutoramento de Sónia Silva, orientado por Antero Abrunhosa, diretor do ICNAS, e por Carlos Robalo Cordeiro, director da Faculdade de Medicina da UC.

A Imuno-PET não vem substituir outros exames de diagnóstico – como a biopsia ou a habitual PET –, mas pode vir a funcionar como uma técnica complementar que vai ajudar a tornar o acompanhamento clínico do doente mais célere e eficaz ao permitir perceber a resposta à terapêutica.