Sociedade

Menos testes, notas zero e entrada no ensino superior por vocação

9 mar 2017 00:00

Segundo Rui Matos, a escola só tem futuro “se deixar de parte essa coisa do ensino, dos currículos, da Matemática, do Português... A escola tem de se preocupar em formar pessoas de facto”.

“Cada escola é um laboratório de criatividade e uma fábrica de esperança. A escola só precisa de gente que acredite nela e que lhe dê condições para desabrochar, para voar, porque queremos escolas que são asas e não escolas que são gaiolas.”

Estas foram as palavras de esperança deixadas por Jorge Cotovio, director pedagógico do Colégio Conciliar Maria Imaculada, que organizou as jornadas pedagógicas subordinadas ao tema Educação com(o) presente e com futuro - Para uma pedagogia da esperança…, no âmbito da comemoração dos seus 75 anos.

Um dos palestrantes mais incisivos, Rui Matos, director da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais, do Instituto Politécnico de Leiria, questionou se o ensino está assim tão diferente. “Como são os testes? É para os alunos raciocinarem? Ou para ficarem iguais uns aos outros? Deve-se ensinar para a divergência, mas o nosso sistema ensina-nos para a convergência, a repetir, e chegamos ao ensino superior e continuamos assim”, salientou. Este responsável defendeu que o “papel da escola tem de deixar de ser o ensino” e “ir ao encontro do problema do mundo”. Qual é? “As relações entre as pessoas.”

Segundo Rui Matos, a escola só tem futuro “se deixar de parte essa coisa do ensino, dos currículos, da Matemática, do Português... A escola tem de se preocupar em formar pessoas de facto”. Por isso, deve apostar no “humanismo, na filosofia, no respeito de uns para com os outros” e o “conhecimento vai acontecer naturalmente”.

Considerando que as “crianças têm muito potencial” e são os adultos que se encarregam de o “matar à nascença”, Rui Matos considerou que o trabalho de projecto, utilizado no pré-escolar é o “ideal”. “Porque passamos a trabalhar disciplinas depois do pré-escolar? O projecto devia ser baseado em resolver problemas do dia-a-dia. Devemos esquecer os exames. A pior forma de treinar um miúdo é treiná-lo para o jogo do fim-desemana. O jogo tem de ser um mero acaso num processo de desenvolvimento. Um exame, a existir, tem de ser um mero acaso num processo de desenvolvimento.”

O director da ESECS sublinhou ainda que “não devia haver classificações no básico, nem no secundário”.

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