Sociedade
Politécnico de Leiria estuda organismos marinhos para criar novos produtos
Projeto BEAP-MAR reúne parceiros de Portugal, Espanha, França e Irlanda
Uma equipa de investigadores do MARE - Centro de Ciências do Mar e do Ambiente do Politécnico de Leiria vai estudar grupos de organismos marinhos, que não são explorados comercialmente (microalgas, macroalgas, fungos marinhos, bactérias marinhas e esponjas), para que possam ser desenvolvidos novos produtos sustentáveis de elevado valor acrescentado.
Segundo uma nota do Politécnico de Leiria, a investigação está integrada no BEAP-MAR, um projecto europeu que tem como objectivo abordar desafios importantes no sector da Bioeconomia Azul no espaço Atlântico.
Este projecto inclui parceiros de Portugal, Espanha, França e Irlanda com elevada experiência na bioprospeção de produtos naturais marinhos para diferentes aplicações, incluindo para a área alimentar, biotecnológica e farmacológica.
Prevê ainda a realização de testes a processos piloto de produção à escala industrial, em parceria com empresas do espaço Atlântico, para melhorar a sua capacidade de projectar novos modelos de negócios e explorar recursos não utilizados.
“A partilha de conhecimento e melhores práticas entre as diferentes regiões serão factores-chave para o sucesso do projecto, que impulsionará a competitividade da Bioeconomia Azul do espaço Atlântico e das suas cadeias de valor, bem como a inovação e capacidades dos seus stakeholders", adianta Rui Pedrosa, citado na nota de imprensa.
O coordenador do projecto no MARE acrescenta que a "compreensão destes organismos marinhos pouco explorados e o seu potencial biotecnológico, contribuirão para tornar o espaço Atlântico mais competitivo".
"Novos produtos e processos serão desenvolvidos e introduzidos, desenvolvendo potenciais novos modelos de negócios, aproveitando conhecimento científico e tecnológico associado à exploração sustentável de recursos marinhos anteriormente não explorados”, salienta.
O investigador destaca a parceria da Nerlei CCI - Associação Empresarial da Região de Leiria//Câmara de Comércio e Indústria, cujos associados poderão absorver e validar o conhecimento desenvolvido ao longo do projecto, através de candidatura de empresas para realizarem os ensaios piloto, contribuindo para “alavancar a Bioeconomia Azul com impacto económico-social a nível local e regional, mas também internacional”.
O BEAP-MAR está assente em diferentes etapas, das quais se destaca o levantamento das espécies de organismos pouco exploradas a nível comercial na costa Atlântica, como fonte de biomoléculas com elevado potencial biotecnológico e farmacológico, lê-se no comunicado.
!O conhecimento sobre estes organismos não explorados e as suas biomoléculas levará ao desenvolvimento de novas metodologias para sua exploração a nível industrial, através de testes de produtos, concebidos como processos de partilha e transferência de conhecimento para empresas para o desenvolvimento de novos produtos rentáveis e sustentáveis de elevado valor económico, a partir de novos compostos.!
Dispondo de um elevado conhecimento do potencial biotecnológico de espécies de macroalgas da costa portuguesa e de uma alargada oferta de ensaios de laboratório que permitem validar o potencial bioactivo de moléculas naturais para diferentes aplicações biotecnológicas e farmacológicas, o Politécnico de Leiria liderará uma das etapas mais relevantes do BEAP-MAR, focada no desenvolvimento de ensaios piloto de produtos inovadores, sustentáveis e economicamente viáveis a partir de biomoléculas marinhas, proporcionando às Pequenas e Médias Empresas (PME) no espaço Atlântico acesso a conhecimento especializado e a possibilidade de se candidatarem a testarem estes produtos, revela ainda a instituição de ensino superior.
Nesta tarefa coordenada pelo Politécnico de Leiria, serão desenvolvidos oito novos produtos, dois em cada país, cuja produção será testada a uma escala piloto em ambiente industrial.
A equipa do Politécnico de Leiria é constituída pelos investigadores e docentes Rui Pedrosa, Alice Martins, Celso Alves e Marco Lemos, sendo expectável o envolvimento de mais investigadores do MARE-Politécnico de Leiria no decorrer das actividades.
O projeto é liderado pela Universidade de Santiago de Compostela e decorre até ao final de 2026, representando um investimento de 2,21 milhões de euros, dos quais 1,66 milhões de euros são financiados pelo FEDER.