População avisa ministro que água e solos estão em risco de calamidade na Marinha Grande

"Não podemos aceitar que dois meses após o incêndio, ainda não tenham ocorrido quaisquer medidas de protecção do solo e das águas". É assim que a comissão popular O Pinhal É Nosso, de defesa da Mata Nacional de Leiria, se dirige ao ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, numa comunicação enviada ontem por email. O documento avisa que "o arrastamento das cinzas, a erosão do solo e a contaminação de recursos hídricos será uma pesada factura que toda a população desta região pagará durante o inverno", se nada for feito. A comissão apela a Capoulas Santos e aos restantes membros do Governo para que "tomem as medidas necessárias para reforçar os meios de intervenção" no Pinhal de Leiria, também conhecido como Pinhal do Rei. Caso contrário, o pior pode acontecer. "Está nas suas mãos evitar esta calamidade e dar o primeiro passo para a reconstrução", alertam.

A carta enviada ao ministro surge depois da reunião de terça-feira, dia 12, entre representantes da comissão O Pinhal É Nosso e o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), em que falhou o acordo para iniciar acções de urgência para estabilização dos solos e fixação de cinzas na Mata Nacional de Leiria, visando a protecção do património hídrico e de outros bens naturais.

De acordo com a comissão, "o ICNF não tem recursos locais para responder a tão grande calamidade" e "a Câmara Municipal da Marinha Grande ainda não realizou qualquer diligência no sentido de agilizar os necessários trabalhos de campo". 

Há 150 voluntários prontos a ir para o terreno já em Janeiro, em especial na zona do Ribeiro de São Pedro de Moel, mas a comissão popular sublinha que as entidades oficiais "não devem aguardar pelo trabalho voluntário para iniciar os trabalhos em falta".

O incêndio de 15 de Outubro consumiu 85% do Pinhal de Leiria, o equivalente a mais de 9 mil hectares.