Desporto

Presidente da SAD da União e assessor em prisão preventiva

7 mai 2016 00:00

Director financeiro sai em liberdade, sendo obrigado, contudo, a apresentações periódicas no posto policial da sua área residencial.

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O presidente da Sociedade Anónima Desportiva (SAD) da União de Leiria e um assessor, suspeitos de associação criminosa e branqueamento de capitais, vão aguardar o desenrolar do processo em prisão preventiva, disse à Lusa um dos advogados dos arguidos.

A “Operação Matrioskas” visou os dois principais responsáveis da SAD da União de Leiria bem como o seu director financeiro, Pedro Violante, que ficou sujeito a apresentações periódicas, de acordo com as medidas de coacção hoje divulgadas.

Em causa estão os crimes de fraude fiscal, associação criminosa, branqueamento de capitais, corrupção e falsificação de documentos.

O presidente da SAD da União de Leiria, o russo Alexander Tolstikov, e o seu assessor, o moldavo Sergiu Renita, começaram a ser ouvidos na quinta-feira pelo juiz Carlos Alexandre, do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), em Lisboa.

O director financeiro da União de Leiria fica ainda suspenso de funções e de contactar com responsáveis do clube ou a SAD.

O presidente da SAD da União de Leiria, o seu assessor e o director financeiro do clube foram detidos na terça-feira, horas depois de as autoridades judiciárias terem realizado buscas às SAD da União Desportiva de Leiria, Sporting, Benfica e no Estádio do Sporting de Braga.

A operação resulta de uma operação que se prolongava há quase dois anos.

No âmbito da operação foram também constituídos arguidos o clube União de Leiria e um advogado com escritório em Lisboa.

Na terça-feira, a Europol anunciou que a Operação Matrioska, conduzida pela Polícia Judiciária com o seu apoio, permitiu desmantelar uma presumível célula de uma importante rede mafiosa russa, responsável pelo branqueamento de “muitos milhões de euros” desde 2008.

Um dia após a Operação Matrioskas ter resultado na detenção de vários responsáveis ligados à SAD da União de Leiria, incluindo o seu presidente, o Serviço Europeu de Polícia, com sede em Haia, explicou que a forma de atuação do grupo criminoso consistia em identificar clubes de futebol na União Europeia em dificuldades financeiras, “infiltrando-os” através de “benfeitores”.

Posteriormente, refere a Europol em comunicado, eram utilizados para a prática de lavagem de dinheiro, a maior parte do qual proveniente de actividades criminosas praticadas fora do espaço comunitário.

Segundo a Europol, que apoiou a investigação da PJ no terreno, com uma equipa em Leiria, após conquistarem a confiança dos clubes, os “benfeitores” orquestravam a sua compra, através de “testas de ferro” de redes “opacas e sofisticadas”, invariavelmente com empresas registadas offshore e em paraísos fiscais.

Desse modo, nunca eram identificados “os verdadeiros donos e aqueles que em última análise controlavam o clube” e, consequentemente, “a origem dos fundos utilizados” para a sua aquisição.

Uma vez adquiridos, os clubes eram assim utilizados para lavagem de dinheiro sujo, através de operações como transferências de jogadores, com a sobre ou subvalorização destes, e negociações de direitos televisivos, assim como atividades em torno de apostas, tanto para simples branqueamento de dinheiro como para manipulação de resultados.

Usando este modus operandi, assinala a Europol, em Julho de 2015, e “após uma série de donativos e investimentos”, o grupo adquiriu a União de Leiria,que militava no escalão principal do futebol português até começar a enfrentar sérias dificuldades financeiros em 2012 e ser relegado aos escalões secundários.

A Europol revela que a investigação começou em 2015, após a deteção de vários sinais fortes a apontar na direcção dos suspeitos, em particular os altos padrões de vida dos mesmos, que importavam avultadas quantidades de dinheiro da Rússia para Portugal, em violação das regras da UE.

Ao longo da investigação, acrescenta, foram reunidas "provas sólidas" que demonstram que este grupo criminoso se dedicava à prática de crimes de branqueamento, fraude fiscal, corrupção e falsificação de documentos.

Simultaneamente, preparavam diversos crimes transnacionais, apontando a Europol que foram identificados vínculos a práticas graves de crime organizado cometidas na Áustria, Estónia, Alemanha, Letónia, Moldova e Reino Unido.

Agência Lusa/Jornal de Leiria