Sociedade

PróToiro diz que candidatura de Leiria a Capital Europeia da Cultura é cobarde

21 out 2019 00:00

Organismo considera que o Conselho Estratégico da Rede Cultura 2027 está a “censurar a tourada” e a manifestar “um servilismo surpreendente e inaceitável”.

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A PróToiro - Federação Portuguesa de Tauromaquia, considera a posição da candidatura de Leiria a Capital Europeia da Cultura 2027 de banir, na sua própria programação da Rede Cultura 2027, entidade que gere o esforço de candidatura, as touradas e manifestações de índole tauromáquica “um sinal de cobardia e um desrespeito por uma actividade fundamental para a região”, além de considerar que o Conselho Estratégico da Rede Cultura 2027 está a “censurar a tourada” e a manifestar “um servilismo surpreendente e inaceitável”.

Recorde-se que, na semana passada, o Conselho Estratégico da Candidatura de Leiria a Capital Europeia da Cultura 2027 solicitou aos programadores culturais da rede que não incluissem actividades ligadas à tauromaquia e, em especial, touradas, na programação da Rede, devido ao impacto negativo que a actividade tem em boa parte da opinião pública, embora seja defendida como manifestação cultural pelo mundo dos aficcionados.

Em comunicado, a candidatura ressalvava que "este entendimento não implica que, no quadro da sua programação autónoma, cada município não prossiga a sua actividade neste domínio sinalizado pela tradição".


Leia o comunicado abaixo da PróToiro

PróToiro repudia censura e cobardia
do Conselho Estratégico da Rede Cultura 2027
Lisboa, 21 de Outubro de 2019

A PróToiro – Federação Portuguesa de Tauromaquia considera a recomendação do Conselho Estratégico da Rede Cultura 2027 um acto de censura, revelador de uma cobardia e de um servilismo surpreendentes e inaceitáveis num País livre, democrático e respeitador dos valores da diversidade e da liberdade.

Em causa está a posição do órgão que apoia a candidatura de Leiria a Capital Europeia da Cultura 2027, ao recomendar “que os programadores da Rede Cultura 2027 se abstenham de incluir na programação (…) quaisquer actividades em torno da celebração ou evocação da tradição tauromáquica”. Embora reconheça que a Tauromaquia tem uma importância significativa para os concelhos do distrito de Leiria, o Conselho Estratégico justifica esta acção com “a viva condenação por parte de organizações cívicas e de defesa dos direitos dos animais”.

Isto significa que o Conselho Estratégico renega a parte da Cultura Portuguesa, definida pelo Estado como parte integrante do nosso Património, devidamente regulada e tutelada pelo Ministério da Cultura, com MEDO do barulho e das críticas de que pode ser alvo por parte de uma minoria ruidosa nas redes sociais. Ignora que a Tauromaquia Portuguesa é uma arte única no mundo, um dos activos mais importantes das comunidades, pilar fundamental nos desenvolvimentos social, económico e cultural. Tratando-se de uma candidatura de dimensão multimunicipal, o Conselho Estratégico secundariza a obrigatoriedade constitucional dos poderes local e central de valorizarem todas as formas de Cultura sem discriminação.

Esta visão medrosa e acanhada contrasta, aliás, com o que outras cidades candidatas à Capital Europeia da Cultura estão, neste momento, a fazer. Eslovénia, que apresenta a capital Liubliana a Capital Europeia da Cultura em 2025, promove este ano um dos maiores festivais de fotografia da Europa para o qual o Grupo de Forcados de Coruche será o Embaixador Oficial do evento.

Ao revelar uma cobardia e permeabilidade inaceitáveis, ao desrespeitar parte da Cultura Portuguesa, ao censurar a diversidade cultural da região que está a representar, a PróToiro considera que o Conselho Estratégico comete uma censura cultural inadmissível e o seu posicionamento deve ser amplamente repudiado.