Sociedade

Taxa de sobrevivência em alguns tipo de cancro já ultrapassa os 80%

14 fev 2019 00:00

Os casos de cancro têm aumentado, mas são também, cada vez mais, aqueles que o vencem. É o caso de Lopez Jesus, um dos mais de 400 mil portugueses que já sobreviveram à doença.

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Maria Anabela Silva

Tinha deixado de fumar há 14 anos, praticava desporto com regularidade, só bebia álcool “quando o rei fazia anos” e era “cuidadoso” com alimentação. Seguia, quase à risca, aquilo que, como médico, dizia aos seus pacientes. Estava, portanto, fora dos grupos de risco e não apresentava “qualquer sintoma”.

Foi, por isso, com “surpresa”, mas, ao mesmo tempo, “com “tranquilidade”, que Lopez Jesus recebeu o resultado de um exame de rastreio, que lhe detectou uma neoplasia no estômago. “Senti que me tinha calhado o euromilhões, porque, apesar de ter já uma metástase, ainda era operável”, recorda o médico, para quem o mais complicado foi contar à mulher e às filhas.

A cirurgia aconteceu um mês e meio depois, com o corte de parte do estômago. Seguiram-se os ciclos de quimioterapia e radioterapia, sem nunca interromper a actividade profissional, embora com horário um pouco mais reduzido. Trabalhava até às 17 horas e ia depois a Coimbra fazer os tratamentos.

“Manter-me em funções funcionou como terapia ocupacional e suporte emocional, que é fundamental”, diz Lopez Jesus, que um mês depois de terminar a quimioterapia já estava de volta às partidas de ténis e de golfe, os seus desportos de eleição.

“Não sou um herói. A capacidade de fazer as coisas como fiz depende muito das características pessoais, físicas e da doença”, afirma o médico, de 63 anos, que acredita que a forma como encarou o cancro ajudou. “Procurei viver para a vida e não para a doença”. Seis anos depois, já se considera “um sobrevivente” ao cancro.

Lopez Jesus é um dos mais 400 mil portugueses que já sobreviveram a uma patologia oncológica, que continua a ser segunda doença mais mortífera no País. Só as patologias cardiovasculares matam mais.

Mas, se é verdade que os tumores são hoje responsáveis por cerca de 25% das mortes em Portugal e que a sua incidência está a aumentar, com os últimos dados conhecidos a indicarem a existência de 50 mil novos casos por ano, também é verdade que que há cada vez mais portugueses a vencer a doença.

Um estudo divulgado no ano passado pelo Global Survival Cancer, que comparou registos de 37,5 milhões de doentes diagnosticados com cancro em 71 países, revelou que, na maior parte dos tumores malignos, a taxa de sobrevivência (cinco anos após o diagnóstico) melhorou em Portugal entre 2010 e 2014.

Em alguns dos tumores mais frequentes, como mama e próstata, o País regista mesmo percentagens de sobrevivência das mais altas da Europa. A excepção são os cancros do cólon, do recto e do estômago, que registaram valores ligeiramente piores do que no quinquénio anterior. Segundo aquele estudo, os cancros mais letais em Portugal são os do pulmão e pâncreas, enquanto o da próstata, leucemia e mama registam as taxas de sobrevivência mais elevadas.

 

“O diagnóstico de cancro já não é uma sentença de morte”, afirma Cristina Pissarro. A directora do Hospital de Dia do Centro Hospitalar de Leiria (CHL), frisa que, com o avanço das técnicas cirúrgicas e dos tratamentos, “ mesmo em diagnósticos feitos numa fase mais avançada”, “se houver uma boa resposta aos tratamentos”, esses pacientes “podem ter um prognóstico semelhante ao dos doentes com o cancro numa fase inicial e que é operado”.

A par do avanço das técnicas cirúrgicas, a oncologista realça os avanços nos exames de diagnóstico, que “permite definir com mais precisão a localização do tumor” e, dessa forma, intervir com “maior eficácia”.

Por outro lado, a melhoria dos métodos terapêuticos faz aumentar “o potencial de controlo da doença – “o cancro não se cura, controla-se”, nota a médica – em pacientes que, se calhar, há dez anos, eram colocados perante um prognóstico muito sombrio, uma quase sentença de morte”.

“Hoje em dia, ter uma doença oncológica e ser tratado com sucesso é cada vez mais frequente”, ref

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