Sociedade

Vale da Cabrita… um 'filme' sem fim à vista

3 mar 2016 00:00

O processo da urbanização Vale da Cabrita arrasta-se há mais de 20 anos nos tribunais e não parece ter fim à vista. A câmara aponta agora como caminho a elaboração de um Plano de Pormenor

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Maria Anabela Silva

O 'filme', que para moradores e proprietários do Vale da Cabrita pode ser classificado como de terror, começou há mais de 20 anos e parece não ter fim à vista. Pelo meio, há uma sentença judicial, a determinar a demolição de lotes na urbanização, ainda por cumprir, e várias tentativas falhadas da Câmara de Leiria para encontrar um desfecho para esta história.

O arrastar de processo tem deixado em suspenso a vida de algumas pessoas que ali compraram apartamentos ou que têm lotes ainda vazios e onde “nada” podem fazer. S. P., uma moradora que prefere manter-se no anonimato, é um desses casos.

Quando em 2000 decidiu deixar a casa dos pais e investir na compra de um apartamento, a urbanização Vale da Cabrita pareceu-lhe uma boa opção. “Era apontada como uma zona nobre da cidade e tinha uma boa localização”, recorda.

Só que, entretanto, “caiu a bomba” - a expressão que usa para se referir à sentença do tribunal que condenou a câmara a demolir 19 lotes, que lhe está a condicionar a vida. “Por questões pessoais, queria vender o apartamento, mas, por muito boas condições que tenha, ninguém pega nele devido à confusão com a urbanização”, diz S.P., lamentando ainda a “degradação” em que se encontra a envolvente aos prédios.

“A câmara nem resolve o processo do loteamento, nem cuida dos acessos, que estão completamente esburacados”, acusa a moradora. Fernando José também comprou casa na urbanização antes da 'bomba' ter rebentando. “Se um dia isto fosse demolido, seria indemnizado. Mas até que o caso seja resolvido, andamos sempre na incerteza”, refere, frisando que os proprietários “estão de mãos atadas”.

É assim que se sente António Fartaria, co-proprietário de nove lotes indivisos com Cãndido Neves, privado que pôs ocaso em tribunal. António Fartaria acusa a autarquia de o arrastar para uma situação de “enorme injustiça”, uma vez que não pode mexer nos lotes em causa, onde não existe construção, porque o alvará só é considerado válido com a reposição do loteamento original, o que implicaria a demolição do que foi edificado a mais.

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