Opinião
2023
O ano irá ser marcado pela recessão global, mas com um baixo crescimento em Portugal
O que nos espera em 2023? Depois de um conjunto de anos marcados pelo inesperado (pandemia e guerra), um futuro mais previsível ajudar-nos-ia do ponto de vista económico e de gestão. Mas existem alguns factos mais prováveis do que outros e, como gestores, não podemos simplesmente reagir com espanto quando os mesmos se vierem a concretizar (porque a nossa missão era antecipar e incorporá-los na estratégia).
Neste sentido, vou ajudar o leitor com uma breve análise PEST. A análise PEST é um acrónimo de análise Política, Económica, Social e Tecnológica e consiste num enquadramento de fatores macroambientais usados como uma ferramenta na gestão estratégica. Ao adicionar o fator Legal e o fator Environmental/Ambiental, expande-se para PESTEL ou PESTLE.
No sector Económico, o ano irá ser marcado pela recessão global, mas com um baixo crescimento em Portugal (o nosso País está bem posicionado, continuando a atrair investimento estrangeiro, talento e turismo, pelo que passaremos menos mal do que a Europa). A inflação começará a desacelerar (existem já sinais disso), estando apenas no início deste ano influenciada pela crise de Covid-19 que tem afetado mais de 20 milhões de pessoas por dia na China – pelo que as taxas de juro continuarão a subir por mais alguns meses.
No campo Político nacional não existirão muitas mudanças, mas a nível dos EUA a política protecionista continuará, a nível europeu duas forças em conflito levarão a uma maior incerteza (integração versus movimentos nacionalistas, catalisados pela subida da energia e da emigração – como assistimos na Suécia, Áustria, etc.). A guerra na Ucrânia deverá acabar (não o escrevo apenas porque é o único caminho que ansiamos, mas porque a Rússia mostra os primeiros grandes sinais de desgaste). Isto significa mais problemas ao nível do comércio global, mas maior integração na Europa para fazer face a este contexto.
No campo Tecnológico, a grande tendência será a emergência de modelos mais avançados de IA, que se tornarão auxiliares no mais básico (escrever relatórios) ou mais avançado (investigar, programar).
No campo Ambiental, vamos assistir a mais fenómenos extremos, com a mudança da “El Nina” para o “El Nino”, que levará a um aquecimento mais rápido das águas do pacífico. Estes são os primeiros anos em que a espécie humana se confronta com a realidade, que aparentava ser distante, do aquecimento global – este efeito levará a várias tendências – mais investimento em tecnologias de mitigação, mais investimento em energias renováveis e diferentes padrões de consumo (Social) – mais consciencioso, apostado no “reduzir” e “reutilizar”, 2 dos 3 “Rs” (quando o que estava mais presente era o “reciclar”, mas este representa o fim da linha).
No campo Legal é de assinalar a maior aposta em legislação (e programas de apoio nacionais e europeus) centrados nos modelos verdes e na substituição de importações europeias. Estes são alguns acontecimentos esperados. Fica do nosso lado antecipar e gerir para criar valor no meio deste mundo turbulento em que vivemos.