Opinião

A Europa a caminho do desastre ?

11 dez 2015 00:00

Se não conseguirmos abandonar o caminho que trilhamos actualmente vamos para o desastre. Não enxergamos nenhum leader com uma ideia consistente para o futuro da Europa. Não há visão. Tornámo-nos conservadores…

Preocupo-me com o que se passa, diz Dona Mécia. É de resto minha obrigação e tal fazme manter viva… intelectualmente viva.

Explique-se, reage D. Genuíno Preocupo-me, continua Dona Mécia, com a sobrevivência do projeto europeu que passa por recuperar a esperança de que este projecto faz sentido. Se não se constrói uma Europa com mais justiça social onde a distribuição de riqueza seja real, onde os serviços funcionem e haja uma verdadeira cultura social, não haverá futuro. Se a única Europa possível é da austeridade e estabilidade financeira, estamos perdidos, diz ainda Dona Mécia. Não será o problema da imigração que irá afundar a Europa, mas ele mostra-nos o enorme “deficit” europeu em solidariedade.

Tem razão, atalha D. Genuíno, pois nunca se chegaram verdadeiramente a definir as políticas para Mediterrâneo e aqueles projetos que chegaram a ser aprovados, podemos dizer, que ficaram na gaveta. Ficou-se pelas ideias e propósitos pois já há 30 anos que os países do norte da União Europeia consideraram que não era importante e necessário: egoísmos! Tem razão ao lembrar, continua Dona Mécia. Se não conseguirmos abandonar o caminho que trilhamos actualmente vamos para o desastre. Não enxergamos nenhum leader com uma ideia consistente para o futuro da Europa. Não há visão. Tornámo-nos conservadores… Muitos gostam de ficar em casa com uma manta nos joelhos, à lareira, a ver televisão.

O maior problema de sempre é a ignorância. Todos nos lembramos que há uns anos, o Ocidente com os Estados Unidos à frente resolveram derrubar um tirano no Iraque e implementar uma democracia. No entanto, ignorava-se quem eram as forças locais, o que eram os sunitas, ou os xiitas, nem se sabia qual seria o plano a aplicar quando fosse derrubado o ditador. O caso da Líbia foi igualmente paradigmático, mas neste caso com a França à frente. Nestes, e em outros, vimos que por detrás tínhamos casos pessoais entre líderes dos países que se confrontaram… Consequentemente, podemos afirmar que os responsáveis pelo ressurgimento do autoproclamado Estado Islâmico, somos nós. Somos nós, que mostramos a pior ignorância sobre o outro e sobre as suas tradições e cultura.

Tem razão, atalha mais uma vez D. Genuíno. Considera-se que o passado está morto. Esquecemo-nos que o passado vive na memória atual e forma parte do processo do futuro. Está vivo na palavra e na língua, mas vemos como ele é vilipendiado nos debates que escutamos todos os dias na média, pois esta mostra ignorância pelo passado.

Não podemos considerar que o futuro passa apenas pelo crescimento do PIB e pelas necessidades a curto prazo. Se o fizermos, mostramos ignorância, e se a ela juntarmos a falta de solidariedade, então iremos assistir à destruição da Europa, por ela própria, termina Dona Mécia.