Editorial

A extrema-direita chegou

10 out 2019 00:00

Portugal era até à data um dos quatro países da União Europeia sem representação da extrema-direita no Parlamento, tendo deixado esse grupo restrito, onde estava com o Luxemburgo,Malta e Irlanda.

As eleições legislativas do passado domingo ficarão para a história como as que levaram, pela primeira vez desde o 25 de Abril, a extrema-direita para a Assembleia da República.

Portugal era até à data um dos quatro países da União Europeia sem representação da extrema-direita no Parlamento, tendo deixado esse grupo restrito, onde estava com o Luxemburgo,Malta e Irlanda.

Mesmo que a eleição de um deputado - André Ventura – esteja longe da força política que noutros países esses radicais já têm, não deixa de ser triste e preocupante que um partido com as convicções do Chega tenha merecido o voto de 66.448 pessoas.

No restante, nota para o alargamento da Assembleia da República a nove partidos, uma diversidade que se aproxima de países europeus com democracias mais maduras, o que poderá indiciar uma perda de força futura do chamado Bloco Central.

Por cá, apesar de ter alcançado a pior votação em eleições legislativas desde o 25 de Abril, o resultado do PSD não foi tão mau como seria esperado face à conjuntura, tendo perdido apenas um deputado relativamente a 2015, ano em que se apresentou coligado com o CDS-PP.

Ou seja, o PS não conseguiu capitalizar anotoriedade de Raul Castro que, inclusive, perdeu no concelho que liderou nos últimos dez anos, provando que a sua matriz continua social-democrata e que nas autárquicas os nomes que encabeçam as listas são absolutamente determinantes para os resultados.

Veremos o que acontecerá dentro de dois anos.

Se domingo foi um dia importante para o País, sábado foi um dia especial para a região, em particular para Leiria.

Após quatro anos de interregno, o Há Música na Cidade voltou ao centro histórico para a grande festa da música, juntando 1200 intérpretes e milhares de pessoas a assistir às mais de 100 actuações.

Foi uma festa bonita, com vários momentos de brilhantismo e onde se sentiu uma enorme comunhão entre os artistas e o público. Foi também a prova de que as iniciativas de âmbito cultural são capazes de juntar multidões e que as cidades podem ser o que queremos que elas sejam.

Estão de parabéns todos aqueles que participaram, mas também os milhares de pessoas que saíram de casa para se juntarem à festa, dando aos artistas algo de essencial na sua actividade: público.

O JORNAL DE LEIRIA sente um enorme privilégio por ter oportunidade de promover algo assim, com pessoas tão especiais e tanta alegria estampada nos seus rostos.

Obrigado a todos.

* director