Opinião

A felicidade

6 dez 2018 00:00

A felicidade é o sentimento que vive “por detrás” da emoção e se traduz na sua interpretação mental.

Num mundo absolutamente voltado para a permanente comunicação, para a sobre-exposição das vidas, para a absurda necessidade de tudo explicar, e de para tudo encontrar um motivo e um propósito, há palavras que de tanto serem usadas perdem o sentido. É o caso de “felicidade".

A busca intensa de sucesso pessoal e a importância que é dada a um perfil socialmente correcto fazem insistir na promoção de conceitos, atitudes e modos de pensar que prometem uma felicidade à medida, ignorando que o “porque sim”, sem grandes explicações, é provavelmente a fórmula mais simples para a pensar e viver.

Se a alegria é um estado inequívoco, uma emoção claramente identificável na atitude física em que se traduz, tanto por quem a vive como por quem a reconhece nos outros, a felicidade é uma espécie de mistério pessoal, secreto e intransmissível, que jamais deveria ser perguntado e só muito raramente explicado.

Mas muitos desconhecem a diferença, e por isso se sentem infelizes sempre que nada de emocionante lhes acontece por um longo período, confundindo felicidade com coração a bater acelerado, respiração alterada, gritinhos instintivos ou esbracejar involuntário. A alegria é uma emoção, e portanto uma resposta cerebral e instintiva a um estímulo, traduzida no corpo, e que durará apenas o tempo que esse estímulo durar.

A felicidade é o sentimento que vive “por detrás” da emoção e se traduz na sua interpretação mental, no pensamento do facto, a integrar num vasto conjunto de outros pensamentos e memórias mais antigas, e aos quais podemos voltar sempre que os quisermos invocar.

Sentirmo-nos felizes é portanto uma sensação recorrente, já que não o sentimos em todos os momentos, embora a felicidade possa ser um estado permanente.

Para Freud, a felicidade é um problema individual, dependente do nosso pensamento e crescimento interior; para Einstein é a capacidade de lidar com os problemas, e não a sua inexistên

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