Editorial

A informação tem um preço

2 dez 2021 11:50

Aparentemente, é tudo grátis. Na realidade, há um preço a pagar

Assumindo a função pedagógica que é concedida aos jornais, então aqui vai.

A informação que trazemos até si todas as semanas é fruto do trabalho de profissionais comprometidos com uma causa: o jornalismo de proximidade.

Mas o esforço desta equipa de pouco vale se não houver quem se interesse pelo resultado do seu labor. Que o leia. E que leia até ao fim.

Antes havia quem se limitasse a passar todos os dias pela banca dos jornais, em marcha lenta, para ler as principais manchetes e chamadas de primeira página das publicações.

E que considerasse que a leitura das gordas lhes conferia, desde logo, a legitimidade para discutir a actualidade no local de trabalho, ou nas tertúlias de fim de tarde.

Mas também havia quem não dispensasse o ritual de comprar um jornal, ou uma revista, para ler no café, no carro, nos transportes públicos, ou em casa.

Hoje, é possível ler à borla nas plataformas digitais um pouco mais do que as gordas (sem ser preciso ter a lata de pegar num jornal e lê-lo em pleno quiosque), mas a tendência generalizada é ficar-se pelos dois ou três primeiros parágrafos.

Isto porque, a partir daí, é preciso pagar. O preço até pode ser acessível, mas a consciência colectiva parece mais inclinada para usufruir da gratuitidade.

E as gordas ganharam outra dimensão. Agora, há ‘manchetes’ e ‘chamadas de primeira página’, a toda a hora, nas redes sociais. E até se podem partilhar e comentar.

Aparentemente, é tudo grátis. Na realidade, há um preço a pagar.

Pormenorizando, um jornal precisa de se reinventar a cada página, de respeitar a ética, a deontologia, o rigor, a pluralidade e a imparcialidade, e é obrigado (e bem) a especificar o que publica como publicidade. 

Ao contrário, nos meios digitais, a informação pode circular sem regulação e levar à proliferação de “mentiras, medos e ódios”, como profusamente têm alertado, entre outros, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.

Está prestes a terminar o Ano da Imprensa Regional, declarado pela Associação Portuguesa de Imprensa (API) e pela Associação de Imprensa de Inspiração Cristã (AIC).

A celebração quase se diluiu na espuma das restrições sanitárias, mas o espírito de resiliência, esse, é para manter.

Como bem recordaram os presidentes das duas associações, “a imprensa regional é um bem colectivo, ao serviço de cada indivíduo, mas também de todas as comunidades onde se insere”.

E “sem uma imprensa regional forte, a democracia será fraca e estará ameaçada”.