Opinião

A natureza das coisas

9 jun 2016 00:00

Discutimos da nossa visão de Portugal, das nossas comunidades portuguesas e das nossas memorias de Leiria.

Num momento em que Paris se encontra num estado curioso, onde alguns museus estão fechados, estações de comboio e metro encerradas e dias a fio de chuva e céu cinzento, encontro mesmo assim uma amiga de Leiria, de passagem, vinda de Nova Iorque, num encontro relâmpago marcado à ultima da hora. Encontramos-nos na Rua do Rivoli. Falo-lhe deste artigo (que ainda não tinha escrito), mas que sabia sair um dia antes das comemorações do Dia de Portugal e de Camões. Discutimos da nossa visão de Portugal, das nossas comunidades portuguesas e das nossas memorias de Leiria. Falamos ainda dos que já partiram mas que deixaram traços e isso é belo de dizer. Sublinho que de quem vos falo é uma das pessoas com as quais tenho mantido contacto, apesar de termos seguido caminhos e geografias distintas, o tempo é-nos ainda comum. Decerto que, para os leitores, existem também laços d’amizade de longa data. Pensem um pouco, que estratégias usamos para manter essa ligação? Talvez nenhuma claramente identificável, como se pudéssemos fazer essa escolha?!... Uma simples afinidade, um acontecimento fulcral, um momento abafado das nossas vivências, pouco importa. Mas podermos ter essa visão e podermos revisitar com a mesma intensidade de como se tivesse sido ontem e verificar que apesar das escolhas feitas no nosso percurso continuamos sem sombras a existir num olhar renovado e sem distâncias. Caminhámos depois em direção ao Le Marais (bairro parisiense) e na nossa conversa entre português, inglês e francês, a gente ria-se ajustando as agulhas, numa miscelânea de línguas onde uma serve melhor a ilustrar que a outra, de forma natural, orgânica e fluida.

*Coreógrafo

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