Editorial
A notícia má e a notícia boa
A lei da oferta e da procura voltou ao seu ciclo normal, mas não deixa de ser constrangedor - sobretudo numa fase em que tantas famílias continuam a enfrentar dificuldades - assistir à disparidade entre os que lutam por milhões e os que rogam por tostões.
Quando temos duas notícias para dar, uma boa e uma má, costumamos perguntar qual querem ouvir primeiro. Neste caso, como não é possível a interacção, vamos começar pela menos boa: a da escalada dos preços dos combustíveis e a consequente transferência de custos para a carteira do consumidor.
Há duas semanas, demos a conhecer a preocupação dos empresários de cerâmica da região com a subida de preço do gás natural, uma situação que ameaça asfixiar muitas empresas. Esta semana, são os pescadores, os produtores de leite, carne, cereais, fruta e hortícolas a soltar a voz da inquietação e a avisar que não conseguem suportar por muito mais tempo o aumento dos custos de produção, face ao agravamento do preço dos combustíveis e da electricidade. Bens essenciais, como o pão, vão, seguramente, ficar mais caros a curto prazo.
Era uma consequência expectável, depois de ano e meio de abrandamento e de incerteza nos mercados mundiais. A lei da oferta e da procura voltou ao seu ciclo normal, mas não deixa de ser constrangedor - sobretudo numa fase em que tantas famílias continuam a enfrentar dificuldades - assistir à disparidade entre os que lutam por milhões e os que rogam por tostões.
Enquanto o litro de gasolina está prestes a passar a barreira dos dois euros, ficámos a saber que as maiores petrolíferas mundiais registaram lucros no primeiro semestre deste ano, em alguns casos, de dezenas de milhares de milhões de euros. Em contrapartida, os consumidores vão fazendo contas à vida, pois o aumento de uns cêntimos no combustível, no pão, na carne, no leite, no peixe, na fruta e nas hortaliças, irá fazer toda a diferença na conta final do supermercado.
Agora, a notícia boa. Esta semana brindamos os nossos leitores com um especial sobre o Mundo Animal e contamos a história enternecedora de ‘Aidinha’, a cadela adoptada por um casal de Leiria durante a fase de confinamento. Eugénia e Fernando resgataram-na de um passado traumático e ela salvou-os da solidão. Hoje, além do carinho com que é brindada em casa, a cachorra é também a estrela do seu bairro e uma das mais mimadas e fotografadas pela vizinhança.
Um caso de sucesso na adopção de animais de companhia, que contrasta com muitos outros que fracassam pela ligeireza de quem decide levar um ‘bebezinho’ de quatro patas para casa, como se de um brinquedo se tratasse.