Opinião

A psicologia clínica e o resgate da relação

21 nov 2019 15:18

Cada pessoa envolve-se com as suas experiências e a sua singularidade e, simultaneamente, o encontro com as experiências e a singularidade do outro configura as nuances que aquela relação específica vai ter.

A Sociedade Portuguesa de Psicologia Clínica (SPPC) faz 30 anos de existência e está de parabéns. Têm sido 30 anos a contribuir, de forma rigorosa e exigente, para a formação qualificada dos psicólogos clínicos, tanto no domínio da psicoterapia psicodinâmica como nas áreas da consulta e diagnóstico psicológico no nosso país.

Chegada à maturidade dos seus 30 anos, a SPPC lançou ao longo deste ano uma série de encontros dedicados ao diálogo entre psicólogos e outras áreas do saber como a arte, a filosofia, a teologia, o cinema, a literatura, com o objectivo de ampliar os conhecimentos que advêm da prática clínica reflectida entre pares e o público em geral.

E, com este exercício de abertura científica e criativa, pretende-se levar também mais saúde, mais arte, mais conhecimento e mais psicologia clínica às pessoas em geral.

As comemorações nacionais destes 30 anos de existência vão culminar com a realização das Jornadas da Sociedade Portuguesa de Psicologia Clínica (SPPC) que decorrerão no próximo dia 23 de Novembro na Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa, subordinadas ao tema: A Psicologia Clínica e o Resgate da Relação (https://sppc-pt.com/noticias-eventos/)

Hoje numa sociedade turbulenta e difícil para todos nós, em que o resultado imediato é exigido a toda hora e na maioria das vezes, ninguém parece vinculado a ninguém, a disponibilidade para a escuta e para a palavra parece escassear. E isto conta muito, porque quando duas ou mais pessoas, que se desconheciam até então, se encontram, iniciam-se processos relacionais que implicam ansiedade, curiosidade pelo outro, confiança, afecto.

Cada pessoa envolve-se com as suas experiências e a sua singularidade e, simultaneamente, o encontro com as experiências e a singularidade do outro configura as nuances que aquela relação específica vai ter.

Em psicoterapia, a tarefa do psicólogo clínico é promover uma nova relação, que pretende resgatá-la de padrões anteriores, repetitivos e danosos, e transformá-la numa outra em prol do desenvolvimento pessoal da pessoa que tem à sua frente.

Para isso, o psicólogo clínico, devidamente especializado e treinado nesta exigente arte de saber cuidar, dispõe de instrumentos próprios da sua profissão, sendo a pessoa do psicólogo, com o seu saber e a sua humanidade, o primeiro instrumento desse trabalho e a relação psicoterapêutica, uma relação humana, física e real, a base para o desenrolar da mudança relacional necessária.

E ao pensarmos a nossa prática clínica, compreendemos como o sofrimento que a maior parte das pessoas nos traz é um sofrimento ligado à relação, à falta de amor, ao amor em excesso, à dependência, à perda, à incapacidade para sentir amor por si próprio e de ser ouvido e respeitado no seu sentir e no seu querer.

Estes são temas que a Comissão Organizadora das jornadas considera importante abordar. A saber, como trabalham os psicólogos clínicos e o lugar da relação no seu trabalho na sociedade actual.

Por tudo isto, estão todos convidados!