Opinião

Alerta vermelho: andam sonsos por aí!

13 jan 2023 16:02

Como pode um Governo que se diz socialista, eleito por maioria, ainda não ter alterado as leis do trabalho a fim de conseguir uma mais justa distribuição do rendimento?

Pois é, muito por causa da forma como os jornalistas e comentadores das televisões não terem atribuído qualquer importância à sonsice das atitudes de Alexandra Reis e Carla Alves para só se porem a dramatizar as contratações levianas feitas pelos atuais governantes, tive necessidade de reler uma tese de Guilhermo López Aliaga com o tema “Submisión. El poder de los media”. Porquê? Porque senti que os ditos palradores televisivos me andam a querer manipular de uma forma, também ela, sonsa!

Querem que, com a sua omnipresença mediática, eu me esqueça de que os canais televisivos têm donos, “constituem uma indústria, são um negócio empresarial, que carece de capital (..) e tem de se ter em conta que os construtores da realidade, os seus jornalistas (e assalariados comentadores, acrescento eu) fazem parte de um ente organizacional cujos fins assentam no cérebro ideológico das ditas empresas (..)”.

Ora, em qualquer país, qual a ideologia política que mais convém a quem só persegue a obtenção de lucros pessoais? É evidente que não será a ideologia do chamado socialismo democrático!

Por outro lado, a tal omnipresença mediática quer levar-nos a que seja através dos fragmentos da realidade simplificada que nos mostra que construamos a nossa realidade e nela caiba a sua visão de como vai a governação do país.

A este propósito Aliaga alerta para o facto da realidade só por si ser demasiado complexa para ser reproduzida por completo e que a sua imagem fragmentada e simplificada que chega aos telespetadores facilita a manipulação porque, como não se pode mostrar tudo, tem de se selecionar o que se mostra, como se mostra e o que mais convém mostrar.

Talvez por pensar assim já engavetei na memória o “escândalo” das escolhas erradas do primeiro-ministro. Aliás, o incompreensível processo em que se basearam até não me surpreendeu! Desde quando em Portugal não se aceita que sejam exclusivamente as notas elevadas e os diplomas académicos o fundamento para escolher quem vai cursar medicina e ser médico no SNS, quem vai ser professor na Escola Pública, quem vai ser engenheiro, por exemplo, numa qualquer Câmara Municipal?

Porém, se considero de fácil resolução o “escândalo” que me anda a ser comunicado pelo lado de fora da minha realidade, já a possibilidade de ter sido atribuída uma indemnização de meio milhão de euros a uma gestora de uma empresa pública me incomoda profundamente e isso sim é para mim escandaloso.

Como pode um Governo que se diz socialista, eleito por maioria, ainda não ter alterado as leis do trabalho a fim de conseguir uma mais justa distribuição do rendimento? Estarão também os governantes a fingir ser o que não são e por isso, também eles, uns sonsos? Não sei, mas que vou ter de estar atenta, vou, vou!