Opinião

Aprender com os erros

6 jul 2017 00:00

Com um ano extremamente seco como este tem sido, como é que ninguém se lembrou de que o “barril de pólvora” rebentaria antes da abertura oficial da época incendiária?

Tencionava dedicar esta e as duas próximas crónicas aprazadas no JL às eleições autárquicas marcadas para 1 de Outubro próximo. Mas era impossível, pela sua excepcionalidade, não abordar na presente a enorme tragédia dos incêndios que nos atingiu na semana de 17 a 24 de Junho.

Sejam quais forem as causas, de natureza meteorológica, acidental ou criminosa, o que interessa, para já, é apurar responsabilidades, para que mais uma vez a culpa não venha a morrer solteira.

Perante algumas declarações ou mesmo insinuações de pessoas que há muito andam nestas andanças, não me surpreendia nada que viesse a apurar-se mão criminosa com intuitos inconfessáveis.

Em desespero de causa e à falta de melhor imaginação, uns grãozinhos de areia na engrenagem da “geringonça” vinham mesmo a calhar…Mas ninguém os apanha porque a floresta está ao deus dará, sem qualquer vigilância. Os números da tragédia estão presentes na nossa memória, não vale a pena relembrá-los aqui.

O mais insólito, porém, foi o desastre da “estrada da morte” que ceifou de uma assentada 47 pessoas e onde só conseguiram escapar os poucos que se atreveram a desobedecer a quem os empurrava para lá. Nada acontece por acaso e o azar também pode ser acautelado se for minimamente previsto.

Neste caso tudo falhou, inclusive um (sistema?) (integrado?) de (emergência?), (SIRESP), mais um caso funesto de parceria público-privada (PPP) que nos custa milhões. O tempo de resposta dos auxílios demorou uma eternidade, apesar de ser visível, que há gente a mais na protecção/segurança, de tal forma que ninguém sabe o que tem que fazer (falta de organização? incompetência? talvez as duas coisas).

Com um ano extremamente seco como este tem sido, como é que ninguém se lembrou de que o “barril de pólvora” rebentaria antes da abertura oficial da época incendiária? É este país o “bom aluno” da Europa, ou andamos todos equivocados?

*Economista

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