Opinião

Artes visuais | Blue Angel

7 out 2023 09:00

Lemos cada pincelada, como se de um texto escrito se tratasse. É uma sensação altamente satisfatória

Está patente até dia 4 de novembro uma exposição individual do artista Miguel Branco, na Galeria Pedro Cera, em Lisboa, que vale muito a pena ser vista, ao vivo de preferência.

Entramos na galeria por uma porta alinhada à direita de uma montra comprida, que apenas mostra uma parede branca que esconde o interior, o nome da galeria, o titulo da exposição e o nome do artista. Tudo num estilo very clean, com umas letras simples e pequenas. Depois de entrarmos estamos numa sala enorme de paredes brancas bem iluminadas e em apenas uma delas, estão quarenta pinturas, todas de formato reduzido, organizadas de forma sóbria e elegante, de modo a compôr uma espécia de instalação para ser apreciada ao longe. Somos então impelidos a aproximarmo-nos delas, a encará-las uma a uma muito de perto, e a focarmo-nos naquilo que o autor nos está a mostrar. São todas pintadas a óleo, sobre madeira, e as medidas variam entre um pouco maior do que uma folha A4 e um pouco menor do que uma caixa de fósforos, 5x2,5cm, por exemplo.

Créditos: Galeria Pedro Cera 

Este género de formato é excelente para apreciar pintura, porque obriga-nos a olhar detalhadamente, a uma curta distância da obra e a concentrarmo-nos nos elementos apresentados, um a um. Algumas pinturas além de serem muito pequenas, ainda por cima apresentam apenas detalhes, tipo roupas ou ossos, isolados, sobre fundos monocromáticos e nestas pinturas então, lemos cada pincelada, como se de um texto escrito se tratasse. É uma sensação altamente satisfatória.

O autor explica o processo de construção e as suas motivações, de forma explícita e coerente num vídeo com perto de três minutos, que está nas redes socias da galeria. A folha de sala é elucidativa e educativa e as redes sociais do artista mostram bem algumas pinturas.