Opinião

Artes Visuais | O empurrãozinho que precisávamos

3 out 2025 08:58

O que há então para dizer da Villa Portela? Quanto a mim tudo cinco estrelas

Adoro ir a exposições que têm fila à porta. Primeiro, porque em Leiria é raro, e segundo porque dá a ideia que alguma coisa de interessante está ali a acontecer.

Estava a ser um domingo à tarde em família, calmo e barrigudo. Pensei que podíamos ir à inauguração da Villa Portela e planeei que numa hora estaria despachado para ir curtir um sofa surfing para casa. Uma hora foi afinal o que estive na fila para entrar, e nesse dia cheguei a casa já só depois das nove da noite. Gostei. O dia estava bonito e deixou-me contente ver pessoas a optarem por uma tarde cultural.

Comecei por ver uma belíssima exposição de arte contemporânea portuguesa que ocupa o edifício de forma elegante, diversificada e delicada. A escolha feita pela equipa de curadoria, foi exímia. Uma seleção de alto nível que teve espaço para incluir pintura, escultura, desenho, instalação e video, tudo actual e relevante para o “estado da arte” do Portugal das últimas décadas.

O edifício é nobre, e a localização também, a exposição não podia destoar. Quando entrei, a primeira peça que vi, foi um pequeno desenho da Maria Helena Vieira da Silva, pensei logo que a exposição prometia coisas boas. Fui seguindo o trajecto por entre as salas, a apreciar os trabalhos sugeridos e em nenhuma fiquei desiludido. A última peça que vi foi uma pintura do Tiago Baptista, que quanto a mim, funcionou como a cereja no topo do bolo. Uma bela exposição, num belo edifício.

A Livraria Arquivo a explorar o bar foi uma escolha a dedo e não poderia ter sido melhor. A programação musical da Omnichord Records, para o evento, foi bem feita e acabei a tarde no jardim a assistir a uma das mais antigas e relevantes bandas do rock experimental português, que nem por acaso se chama Pop Dell’Arte.

O que há então para dizer da Villa Portela? Quanto a mim tudo cinco estrelas. As pessoas intervenientes são as ideais, o espaço e localização são ideais também, por isso parece-me que é um bom passo em frente. Curtia que atrás disto, viessem mais artistas e curadores, colecções e galerias, estabelecerem-se por cá. Já demonstrámos no passado e demonstramos constantemente no presente, que temos vontade de ser uma cidade com arte, seja este o empurrãozinho que precisávamos.