Opinião
BASTA!!
São os incêndios, como é o degelo, a poluição, as secas, a contaminação de aquíferos, a extinção de espécies, a exaustão dos solos, etc, etc, etc, tudo consequências de erros e decisões de interesse afunilado.
“Só o tempo mostra as consequências dos nossos actos”
Diego
A notícia dos trágicos incêndios que deixaram a Grécia de luto surgiram como um fantasma a pairar sobre todos os que há cerca de um ano viveram drama idêntico no nosso País, reforçando a opinião dos vários especialistas que têm alertado para o risco, cada vez maior, de repetição daquele tipo de fenómenos.
Por coincidência, nesta edição, o Jornal de Leiria dá destaque a dois octogenários, Eugénio Sequeira e Gabriel Roldão, que andam há décadas a ‘pregar no deserto’ sobre as consequências dos erros que, repetidamente, têm vindo a ser cometidos na gestão da nossa floresta, antecipando há muito aquilo por que estamos agora a passar.
Bem pregaram, e de falta de resiliência ninguém os pode acusar, mas, infelizmente, poucos os ouviram, tendo os seus alertas caído em saco roto, como de resto tem acontecido um pouco por todo o Mundo nas questões ambientais.
Como neste mesmo espaço foi escrito há três semanas, vivemos como se não houvesse amanhã, eventualmente por na cabeça de muita gente esse ‘amanhã’ representar uma coisa longínqua, algo que acontecerá fora das suas vidas e das que virão a seguir.
No entanto, quem entendia esse ‘amanhã’ como uma hipérbole, começa a sentir na pele que em muitas questões ambientais o tal ‘amanhã’ já passou, sofrendo o presente de graves maleitas provocadas pela negligência e ganância humanas.
São os incêndios, como é o degelo, a poluição, as secas, a contaminação de aquíferos, a extinção de espécies, a exaustão dos solos, etc, etc, etc, tudo consequências de erros e decisões de interesse afunilado, que há muito foram antecipadas por quem investiga nessas áreas, geralmente olhados de soslaio pelos diferentes poderes e vistos como profetas da desgraça por boa parte da população.
Sem que os estudos científicos tenham sido suficientes para se fazerem ouvir, chegámos ao ponto em que, perante os factos, temos que exigir que quem manda ouça quem sabe e que se decida com base no que a ciência e as evidências ditam, sob pena de entrarmos no campo do irreversível.
Nada mudará com alertas de vozes isoladas, por mais sábias que sejam, pelo que, como já se percebeu, será necessário engrossar essas vozes com a mobilização da população à sua volta, lutando firmemente por um BASTA!
Se assim não for, tal como hoje sofremos com os incêndios antecipados pelos mais lúcidos há duas décadas, teremos num futuro muito próximo, por exemplo, o deserto do Sahara a chegar ao Tejo, como alerta Eugénio Sequeira em entrevista ao Jornal de Leiria nesta edição.