Opinião
Como parar a poluição têxtil
Uma alternativa é optar pela slow fashion, que produz artigos duráveis e de qualidade
Ultimamente tem-se falado de quão poluidora é a indústria fast fashion, dedicada à produção de roupa na maior quantidade possível, o mais rápido possível e ao mais baixo custo possível. Ora produzir roupa e outros têxteis nestas condições levou a problemas graves em todo o mundo. De acordo com a publicação do Parlamento Europeu sobre o impacte ambiental dos têxteis, os números são impressionantes.
Para produzir uma t-shirt de algodão são necessários 2.700 litros de água doce, o que seria suficiente para responder às necessidades de uma pessoa durante 2,5 anos. Tingir a roupa também é problemático, sendo esta etapa responsável por 20 % da poluição da água a nível global. Lavar uma máquina de roupa em poliéster liberta 700.000 fibras de microplásticos que podem vir a contaminar os rios e os mares, podendo entrar na nossa cadeia alimentar.
A produção de têxteis e o seu transporte marítimo internacional contribui mais para o aquecimento global do que a aviação e os transportes internacionais juntos. E quando as roupas chegam ao fim de vida e se tornam resíduo? Menos de 1 % das roupas usadas são recolhidas para serem reutilizadas ou recicladas e só 1 % são recicladas novamente em roupas. Tal significa que as roupas estão a ser depositadas em aterro sanitário ou incineradas, o que é um desperdício de recursos.
Para fazer face a este problema ambiental, a União Europeia definiu que, a partir de 1 de Janeiro de 2025, estejam criados sistema de recolha selectiva (o equivalente aos ecopontos para as embalagens) para os têxteis usados. Os têxteis serão encaminhados para reciclagem, dando origem a matérias-primas secundárias para o fabrico de novos têxteis ou outras utilizações. Quem financia todo o sistema de recolha, triagem e reciclagem? São os produtores de têxteis, de roupa, de calçado, de acessórios, assim como todos os que colocam estes produtos no mercado europeu.
Enquanto as medidas da União Europeia não entram em vigor, todos podemos actuar para minimizar o impacte ambiental. Uma alternativa é optar pela slow fashion, que produz artigos duráveis e de qualidade. Optar for fabricantes locais ou nacionais, que fabriquem produtos com materiais reciclados e sustentáveis ou que promovam a reparação da roupa, aumentando o seu tempo de vida também são possibilidades.
Também podemos reduzir o consumo de roupa e só comprar se for realmente necessário. Cuidar da roupa também é importante, para que durem mais tempo. Recuperar a roupa para outras finalidades também é uma boa medida, para que não sejam encaminhadas no imediato para o aterro sanitário.