Opinião
CULTURA, UNIVER(CIDADE) E (DES)ENVOLVIMENTO – XXVII
O 1.º congresso do IPL, passados 17 anos
Tendo já aqui convocado os encontros de Peniche, que serviram de preparação ao 1.º congresso do IPL, realizado no mesmo ano, recordo, hoje, algumas das conclusões desse evento de grande interesse regional e nacional, o 1.º congresso do IPL, realizado no auditório da ESTG, nos dias 16 e 17 de março do ano de 2000.
Recomendo, a este propósito, a leitura da Politécnica, Revista do Instituto Politécnico de Leiria, n.º 2, junho de 2000 que lhe dá particular destaque.
O próprio editorial, da autoria do doutor Luciano de Almeida, então presidente, reconhece-lhe a maior importância: “(...) O congresso foi um verdadeiro fórum de reflexão onde, abertamente e sem quaisquer preocupações de sermos ‘politicamente corretos’, reflectimos sobre as importantes questões que hoje se colocam ao ensino superior em geral e ao Instituto Politécnico de Leiria em particular”.
Não chegou a ser pública a razão por que não forma publicadas a atas deste congresso. Teria valido a pena.
Na sequência deste I Congresso do IPL, foi concedida uma audiência por sua Excelência o Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio, ao presidente do IPL e aos presidentes dos Conselhos Diretivos e Diretores das escolas da mesma instituição.
Das diversas comunicações apresentadas, apenas três focaram, claramente, as vantagens da transformação do IPL em Universidade: a do professor Américo Oliveira, professor Luís Barbeiro e a deste articulista. Espero poder publicar parte da minha comunicação, aí apresentada, num próximo número deste jornal.
Tal desigualdade de posições ficou bem patente numa das conclusões alusivas a esta temática: “Recomendou-se ainda que seja estimulada e incrementada a ligação do IPL às universidades vizinhas, assim como a personalidades da comunidade com provas dadas.
Assentando o desenvolvimento económico em recursos humanos qualificados e no progresso tecnológico, e sendo reconhecido que o IPL tem contribuído de uma forma decisiva para o desenvolvimento da região de Leiria, foi recomendado pelos oradores convidados que deve ser consolidado o Ensino Politécnico na região, como um ensino de caracter teórico-prático e profissionalizante, que tem uma missão específica.
Outros ainda reafirmaram a necessidade da criação do Ensino Superior Universitário Público na Região, como complemento do Ensino Politécnico. Em contrapartida foi defendida a opinião de que esta hipótese, a colocar-se, deveria necessariamente passar pelo envolvimento do próprio Instituto Politécnico de Leiria”.
Veem a forma de redação? Sabem que a escrita nunca é neutra? Sabem que também este articulista incluía o grupo de redatores das conclusões do congresso? Sabem que não fez a redação final, incluindo a pontuação? Sabem o que significa, feita a análise do discurso, “Outros ainda reafirmaram a necessidade da criação do Ensino Superior Universitário Público na Região (...)”?
Pois é, está aqui a resposta sobre o escasso e singelo desenvolvimento do sonho do IPL: é preciso querer! E projetar para além do sonho de uma noite: “um ensino de caracter teórico-prático e profissionalizante (...)” Ora aí temos os CTeSP! Alguém quer mais que isso? Quem? Onde estão essas vozes?
*Professor Decano do Instituto Politécnico de Leiria
Professor Coordenador Principal da ESECS-IPLeiria
Investigador do CICS.NOVA.IPLeiria
(O autor escreve segundo as regras do "Acordo" Ortográfico de 1990)