Opinião
Eleições Autárquicas
Estas eleições vão ser completamente distintas de todas as outras, pela Covid-19 que hoje assola Portugal e o Mundo
Foram recentemente marcadas pelo Governo as eleições autárquicas, para o próximo dia 26 de Setembro. É costume dizer-se que são as eleições de maior proximidade, o que se deve considerar normal pelo facto de eleger os nossos representantes do Poder Local e logo, por consequência, os actos eleitorais que mais mobilizam os portugueses. E começo por aqui.
A grande importância da adesão dos eleitores, de forma a contrariar a tendência crescente dos níveis de abstenção, facto suficientemente preocupante num sistema democrático jovem como o português, ainda nem 50 anos celebrámos da revolução de Abril.
Estas eleições vão ser completamente distintas de todas as outras, pela Covid-19 que hoje assola Portugal e o Mundo, esperando que não se confirme a chegada de mais uma qualquer vaga que possa prejudicar o desafio enorme de conseguir realizar uma campanha eleitoral que possa ser amplamente esclarecedora e chegar junto de todas as pessoas.
Ninguém tem dúvidas da primazia que já está a ser dada às redes sociais para a promoção das várias candidaturas e também o interessante crescimento de adesão à utilização de algumas ferramentas, designadamente o Facebook, por parte de faixas etárias mais elevadas e que, também a pandemia, ajudou a generalizar. Mas numas eleições locais, e fala quem participou activamente nas mais recentes, é crucial a possibilidade do contacto directo, do esclarecimento cabal e da apresentação, e explicitação, do compromisso eleitoral e dos seus protagonistas.
Por isso também se espera dos candidatos o posicionamento para inovar e ousar, encontrando novas formas de se apresentarem aos seus eleitores, perante as dificuldades que se apresentam, mas de forma a transmitirem a sua visão para os territórios que representam.
Cabe a todos nós, participantes activos nestes processos eleitorais, pautar pela credibilização da política, combatendo o discurso fácil do “são todos iguais”, desafiando todos esses, críticos só porque sim, a terem a coragem para dar a cara pois é possível, inclusivamente, a apresentação de movimentos independentes.
Só assim se conseguirá inverter a tendência da crescente desqualificação dos representantes políticos, por todo este ambiente negativo sobre quem se disponibiliza para a causa pública, pois desta maneira muitos dos melhores não se sentem tentados a deixar a sua zona de conforto. Porque é, cada vez mais importante, empregar responsabilidade, competência, experiência, humildade, qualificação, naqueles que são eleitos para exercer os diversos cargos nas autarquias locais, e não nos deixarmos cair nos discursos e abordagens populistas e demagógicas, devendo exigir-se, sempre, a apresentação de contas e as respectivas explicações.
E, convenhamos, quem foi eleito, tem essa obrigação, não se resguardando nas desculpas de sempre, muitas vezes do passado, pois quem governa durante um mandato de 4 anos tem todas as condições para mostrar o que verdadeiramente vale!
Da minha parte, enquanto dirigente político, continuarei a reivindicar nos órgãos próprios do meu Partido a urgente modernização e actualização do seu funcionamento e uma profunda abordagem sobre novas formas de participação política, por exemplo com a possibilidade de eleições primárias, abertas a simpatizantes, para escolha dos candidatos, ou ainda com alteração do sistema eleitoral, quer de âmbito local, com maior valorização e responsabilização das assembleias municipais, quer através da criação de círculos uninominais para as eleições legislativas.
Sou daqueles que, apesar de não estar na política a tempo inteiro e não ter utilizado o meu cargo distrital para ser deputado, pretendo continuar a dedicar parte do meu tempo para esta nobre missão, a par da minha actividade profissional, no sector privado, e das minhas funções associativas, de carácter voluntário.