Opinião

Evolução das despesas em investigação e desenvolvimento nos países da OCDE

2 abr 2021 15:39

Efectivamente, na zona OCDE, não se assistia a um crescimento do investimento em I&D num período seguido de três anos desde meados dos anos de 1980

O futuro dos países vai depender, em muito, da inovação a todos os níveis e esta depende dos investimentos, públicos e privados, no domínio da Investigação e Desenvolvimento (I&D) que os mesmos consigam realizar, seja pelas empresas seja pelas universidades e outras instituições científicas, com maior ou menor financiamento do Estado.

A OCDE publicou no passado dia 18 de Março um conjunto de dados sobre este tema que revelam um crescimento das despesas em I&D, expresso em percentagem do PIB, de 2,4% em 2018 para cerca de 2,5% em 2019, no universo dos países integrantes da OCDE, depois de uma estagnação entre 2013 e 2016.

Efectivamente, na zona OCDE, não se assistia a um crescimento do investimento em I&D num período seguido de três anos desde meados dos anos de 1980, constatando-se que desde 2017-2018 as despesas em I&D cresceram cerca de 4%, enquanto o PIB crescia apenas 1,6%.

Como sempre, o crescimento em 2019 não foi o mesmo para todos os países da área OCDE, destacando-se os Estados Unidos, a Alemanha e a Coreia do Sul com a maior contribuição para o crescimento face aos restantes.

Israel e a Coreia continuaram a apresentar os maiores níveis de intensidade com 4,9% e 4,6% do PIB, respectivamente, os EUA ultrapassaram os 3% pela primeira vez e a intensidade de I&D na China cresceu de 2,1% para 2,2% do PIB.

Em contraste, a Europa a 27 (UE) ficou-se por um crescimento de apenas 2,1%.

Especificamente em 2019, os Estados Unidos, o Japão, a Coreia e a França tiveram o melhor desempenho na área OCDE, mas em termos de paridades de poder de compra a China ocupa o segundo lugar no pódio com 80% do investimento em I&D dos EUA quando, em 2005, representava apenas 26%.

O crescimento do investimento em I&D da UE tem-se intensificado desde 2016, liderado pela Alemanha, embora continue mais baixo do que o crescimento na China e EUA, mas superior ao do Japão que evoluiu de um investimento de dois terços do crescimento da UE no ano 2000 para menos de metade em 2019.

Outra comparação interessante é do Reino Unido com a Coreia: em 2008 ambos os países tinham níveis idênticos de investimento em I&D, mas a Coreia apresenta duas vezes mais investimento que o UK uma década depois.

A origem do investimento em I&D na área OCDE em 2019 foi, principalmente, o sector privado com 71% do total daquele investimento, tendo crescido 4,6% em 2019.

Para 2020, as estimativas indicam que o investimento privado em I&D continuará a crescer, ao contrário do que aconteceu noutras crises, embora a um menor ritmo e com grandes variações por sector de actividade.

(Fonte: “OECD Main Science and Techology Indicators. R&D Highlights in the March 2021 Publication”, OECD Directorate for Science, Technology and Innovation.)