Opinião

Henrique Neto: Mudar de Rumo – Reformas

16 abr 2016 00:00

As reformas, nas empresas e nos países, são essenciais para adaptar as organizações à mudança

As reformas, nas empresas e nos países, são essenciais para adaptar as organizações à mudança que ocorre nas sociedades, nas tecnologias e nas novas formas de organização e de gestão. Inversamente, a ausência de reformas faz com que as organizações se atrasem, se tornem ineficientes e respondam cada vez pior aos desafios do seu tempo.

Neste contexto, sendo verdade que as empresas e os países concorrem entre si, as organizações sobreviventes são as que realizam as reformas necessárias em tempo útil, o que não é o mesmo que proceder a meras mudanças na organização. Isto é, mudança e reforma não são a mesma coisa, podendo haver muitas mudanças que poderão ser tão ou mais prejudiciais do que a ausência de reformas.

Mudar por mudar, mudar para que tudo fique na mesma, mostra, de alguma forma, a recusa de fazer verdadeiras reformas, as quais implicam coerência estratégica, visão clara dos objectivos e qualidades da organização, continuidade e alguma prudência para não fazer mudanças que não correspondam às capacidades e necessidades da organização.

O Estado português é um bom exemplo da incapacidade de fazer reformas, ao mesmo tempo que promete e faz mudanças o tempo inteiro.

Mudanças nas leis, nas pessoas e nos objectivos da organização, quase sempre com uma visão de curtíssimo prazo, seja para responder às promessas eleitorais, seja como necessidade de afirmação pessoal dos diferentes governantes, seja como uma mera via de diferenciação partidária, facto que nos está a conduzir na direcção da ingovernabilidade. 

O actual Governo do PS e de António Costa tem procedido a mudanças políticas muito expressivas, cuja orientação resulta na inversão de muitas das decisões do Governo anterior, sendo ainda cedo para dizer se essas mudanças correspondem a verdadeiras reformas, ou se serão mudanças reversíveis no futuro próximo, ou ainda se lhes falta a necessária visão e continuidade estratégica.

É ainda cedo para o dizer, mas não deixa de ser preocupante que não exista nenhum esforço de concertação estratégica entre os partidos da chamada área da governação e que o apoio ao Governo pelos partidos da esquerda – PCP e Bloco – não tenha garantias de continuidade.

Isto é, as verdadeiras reformas são aquelas de que se pode esperar uma vida tão longa quanto possível e não sejam meras mudanças das circunstâncias políticas, que em democracia são facilmente reversíveis.

A inexistência no actual Governo, como nos governos anteriores, de uma definição estratégica que mostre aos portugueses um sentido de direcção claro, impede o debate sobre o sentido das reformas necessárias e compromete a continuidade das mudanças, na medida em que estas respondem apenas a impulsos eleitorais, frequentemente de base ideológica, ou influenciados pela imagem pública das personalidades envolvidas, circunstâncias que poderão mudar na primeira curva da estrada política.

Empresário
Henrique Neto

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