Opinião
História de amor no IKEA
Falar de amor é um assunto sério e coisa complicada.
Pelo menos a julgar pela infinidade de versos que os poetas, ao longo dos séculos, lhe dedicaram sem terem chegado a conclusão que se apresente. Quiçá se tenha inventado o amor para dar trabalho aos fazedores de versos.
Mas isto digo eu, cético assumido. Na verdade vejo muita gente a falar do assunto, a sentir a coisa dentro de si envoltos numa bolha, embevecidos, contemplando o outro, amantes penitentes.
É bonito de ver, sem dúvida. Tempera-nos o coração e aquece-nos a alma o desejo que venham a ser felizes.
Há dias, porque estava perto, desviei-me da rota e fui dar um saltinho ao Ikea de Loures para comprar umas suequices avulso, baratinhas como convém e com forma e cor apelativas, que lá nisso os designers da casa prestam um reconhecido serviço.
Ora, como para ver não se paga nada, há que aproveitar o momento e calcorrear aquele intrincado de corredores.
Vale-nos umas setinhas no chão que funcionam ao modo de fio de Ariadne para não nos perdermos no labirinto de ofertas de sugestões, e apreciarmos, como convém, o engenho que permite enfiar o Rossio na Rua da Betesga, que é como quem diz, compor uma casa em meia-dúzia de metros quadrados mas recheada de tudo o que nos fará falta e outras tantas coisas que nem por isso.
Ora aquilo são corredores sem fim e há que iludir o cansaço das pernas. Vai daí, eu e o meu gaiato resolvemos abancar num nicho que por ali estava para entretenimento da pequenada enquanto os adultos escrevinham nuns caderninhos referências, medidas e preços, com uns lápis pequeninos à disposição.
Lá estava uma mesinha, duas cadeiritas diminutas onde assentámos e um caderno tosco mas grande para o pequeno poder desenhar com os feltros disponíveis.
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*Psicólogo clínico
*Texto escrito de acordo com a nova ortografia