Opinião
Invasoras - Parte 2
De 4 a 12 de maio decorre a Semana sobre as Espécies Invasoras 2024, com várias atividades a decorrer na região
No seguimento do artigo em que abordei a temática das plantas invasoras, constatei que o desconhecimento do público em geral acerca das invasoras, será talvez maior do que seria de esperar, podendo levar à chegada destas espécies ao meio natural, causando graves consequências ambientais, económicas e sanitárias.
Muitas espécies que nos rodeiam, encontram-se fora do seu habitat natural, pelo que são consideradas espécies exóticas ou seja, não nativas. A maioria destas espécies vive em harmonia com as espécies nativas, mas quando a sua introdução na natureza ou propagação num dado território ameaça ou tem um impacto adverso nas espécies nativas, estas assumem caracter invasor. Portanto todas as invasoras são exóticas, mas nem todas as espécies exóticas são invasoras. O que seria das nossas casas e dos nossos espaços verdes urbanos sem algumas das plantas exóticas, que já fazem parte do nosso dia a dia?
Pois bem, o problema é quando nos fartamos dessas espécies e as descartamos. E espécies exóticas invasoras não são apenas plantas, são também os peixes de aquário que fogem ou são largados num qualquer charco, o anfíbio, como a rã-de-unhas-africana, que saiu do terrário sem o dono querer, o cágado-de-orelha-vermelha, que começa a crescer e é introduzido na natureza, entrando em competição com os cágados nativos por alimento e locais de nidificação, desregulando assim o equilíbrio e o normal funcionamento dos ecossistemas.
A ação humana na introdução de espécies exóticas invasoras está associada a diferentes setores, como a aquariofilia, jardinagem, aquicultura, pesca, turismo, comércio, entre outros, podendo ser intencional, involuntária e/ou negligente.
Na Península Ibérica, a presença de espécies exóticas invasoras é particularmente grave, estando identificadas mais de 300 espécies exóticas introduzidas ou estabelecidas (naturalizadas) só nas águas continentais.
Não será de estranhar que ao nível das espécies exóticas aquáticas, os invertebrados (moluscos, crustáceos e outros invertebrados) sejam o grupo taxonómico com maior representatividade, com mais de 54%. O mexilhão-zebra e o lagostim-vermelho-da-luisiana, entre outros, são dois bons exemplos de espécies exóticas aquáticas com carácter invasor, na Península Ibérica.
Perante esta realidade, o conhecimento das espécies invasoras ao nível da população em geral assume particular relevância, não só para evitar a introdução e a dispersão destas espécies no meio ambiente, mas também na deteção precoce de espécies invasoras e comunicação dos avistamentos.
Para esse efeito, para além de vários guias de espécies invasoras disponíveis online, existem aplicações para telemóveis, que podem ser instaladas e que permitem que cada utilizador possa submeter registos da localização das plantas invasoras que encontra, sendo de destacar a app iNaturalist, pelo que cada um de nós pode fazer a diferença.
De 4 a 12 de maio decorre a Semana sobre as Espécies Invasoras 2024, com várias atividades a decorrer na região e por todo o país, sendo possível participar nas atividades divulgadas na sítio web da Sociedade Portuguesa de Ecologia. Se puder participe, o seu contributo é importante!
Texto escrito segundo as regras do Novo Acordo Ortográfico de 1990