Opinião
Isto promete...
Resta saber agora o que se decidirá em Lisboa.
Como seria de esperar, a Concelhia de Leiria do PSD não alinhou com o nome de Feliciano Barreiras Duarte, que a Distrital se preparava para lançar como candidato à Câmara de Leiria, e aprovou Fernando Costa, ex-presidente da autarquia de Caldas de Rainha.
No entanto, tal como o actual deputado, também Fernando Costa não parece ser uma solução suficientemente forte para causar grandes problemas a Raul Castro, apesar de ter sobre Barreiras Duarte as vantagens de ser de Leiria e de se sentir como peixe na água em campanhas eleitorais.
Resta saber agora o que se decidirá em Lisboa. Se a indicação da Concelhia é aceite, indo contra os planos da Distrital, ou se é imposto um outro nome, com o risco de a estrutura local não se empenhar na campanha, como aconteceu há sete anos quando Castro destronou Damasceno.
Seja qual for a decisão e o nome apresentado, parece ser certo que o eleitorado de centro-direita se dividirá ainda mais do que nos dois últimos actos eleitorais, quando Raul Castro conseguiu fortes apoios vindos de dentro do PSD. Agora, com o surgimento de uma lista independente que, ao que tudo indica, será liderada por Gastão Neves ou por António Lucas, dois nomes associados aos sociais-democratas, é de prever que os votos vindos desse espectro político se polarizem com mais intensidade, sendo difícil nesta fase antever o impacto que isso possa ter nos resultados do PSD, que teve já nas últimas eleições o pior resultado de sempre, mas também no próprio PS.
À partida, este cenário será benéfico para a mais que provável recandidatura de Raul Castro, mas não se pode esquecer que Leiria tem uma forte matriz social-democrata, apenas quebrada nos dois últimos actos eleitorais autárquicos por força da conjuntura. Caso o actual presidente consiga manter os apoios que teve no passado a partir do interior do PSD, a vitória por maioria parece garantida. No entanto, se isso, por alguma razão, se alterar, as coisas poderão complicar-se, emergindo a lista independente como possível fiel da balança na formação do Executivo.
Falta ainda saber qual será a posição do CDS no meio disto tudo, tendo-se percebido, no entanto, que todas estas movimentações à revelia do possível parceiro de coligação não têm sido bem recebidas pelos centristas. A forma como o partido se apresentar será também importante para as contas finais, pois o seu eleitorado pode valer um vereador. Ou seja, parece estar garantido um ano de grande dinâmica e animação na política local. A coisa promete...
PS: A necessidade de o PSD recorrer a dois nomes com pouca ou nenhuma história política em Leiria – Feliciano Barreiras Duarte e Fernando Costa -, mostra bem a debilidade em que se encontra a estrutura concelhia local, depois de muitos anos de lutas internas. Não haver em Leiria uma solução forte para o PSD lutar por uma câmara, cuja maior parte da sua história foi escrita à direita, diz tudo...