Opinião

Letras | Acanto Revista de Poesia

23 fev 2023 18:00

É de saudar a iniciativa que acompanha de certa maneira este movimento dos tempos, onde a poesia parece ser um suporte espiritual mais tangível

Sexta edição desta publicação periódica de dezembro de 2022. O poeta Paulo J. Costa encabeça este projecto num conjunto de mais ilustres amantes da poesia em Leiria. Maria Celeste Alves, Luís Vieira da Mota, Carlos Fernandes e Paulo Fuentez.

São evocados os temas do Ecletismo e da Diversidade na Poesia, tal como a internacionalização (já sendo também um hábito) com o convite a poetas internacionais (poemas na língua original e com tradução para português) e alguns que na apresentação desta edição estiveram presencialmente, outros via Zoom, e que ocorreu no passado dia 22/01/23 no Teatro Miguel Franco - Leiria.

Como sempre uma publicação com um cuidado enorme na paginação e apresentação estética, ora equilibrada e formal, ora com um toque de modernidade pautada também nas fotos e nos artigos na Evocação da Memória à Revista Almagre que encontramos nas últimas páginas.

Este ano, o tema da guerra foi predominante e com referências a outras disputas que foram objecto de influência em vários “poemas contra a morte”.

“paredes são concreto

e argamassa da mais

lisa indiferença

soldando nomes

em blocos de dígitos

e renda por cabeça…”

Plunct plact zum de Jéssica Iancoski

1

Em terra

o meu farol

é o mar.

 

2

Ponte de D. Luís –

aqui não existe abismo

que me feche os olhos.

 

3

Mudança da hora.

Atraso o relógio e sorrio –

com um ar estúpido.

 

4

Não é mais escura

que a do branco a sombra

do cisne negro.

Quatro haicais de João Pedro Mésseder

É de saudar a iniciativa que acompanha de certa maneira este movimento dos tempos, onde a poesia parece ser um suporte espiritual mais tangível do que outras que antes acompanhavam a vida das pessoas. Excelente a invocação do poeta Carlos L. Pires nas palavras de Maria João Cantinho (entrevista concedida à revista Caliban) onde essa espiritualidade acresce a partir da ignorância, como oposto do mundano e citadino, e mais próxima da natureza, dos animais, pois somos todos seres em comunhão.

Um primor numa revista que advém da planta Acanto e que pode ser adquirida nas livrarias da cidade (Arquivo, Letras & Livros e Boa Leitura).