Opinião
Letras | Amanda Gorman, O Que Carregamos Em Nós
Um exercício humanitário de como aproveitamos as crises e os medos, para sobrevivermos também à morte
Amanda Gorman como em suas palavras é “uma jovem Negra magricela, filha de escritores negros, descendente de combatentes da liberdade e criada por uma mãe solteira”. Tornou-se a sexta e mais jovem poeta, aos vinte e dois anos, a ler um poema na tomada de posse presidencial. Activista de causas diversas como a justiça racial, igualdade de género e ambiente. Tem além deste livro, um álbum infantil A Canção da Mudança e o bestseller A Colina Que Subimos.
Este livro é mais do que um diário de bordo da fase da pandemia, é um exercício humanitário de como aproveitamos as crises e os medos, para sobrevivermos também à morte. À ideia dela, e dos que sucumbiram directa e indirectamente nessa fase. Várias referências históricas em que se vê a humanidade aprisionada por pestes e guerras. Da luta dos próprios negros e da luta destes nas diversas crises na fuga para a liberdade.
Há um vasto espectro referencial, desde cartas em que ela se baseou para escrever haikus sobre a segunda guerra mundial, à luta do homem perdido no mar baseado na obra Moby Dick, etc. A escrita altamente criativa gráfica e visualmente, e como o negro das páginas pode ser o branco ou outra cor qualquer numa América ainda que dividida, pode sair mais forte.
Há da parte desta jovem, a noção real de que a arte pode curar/salvar, sem que isso dê respostas fechadas. Há muita luta a ser travada com paz a nível local e internacional. Ela também é símbolo da esperança no futuro, e por isso declamou “A Colina Que Subimos” na tomada de posse como presidente dos EUA, Joe Biden, vencendo democraticamente umas eleições onde o Capitólio foi tomado de assalto por defensores do seu opositor. Uma tomada de posse com a primeira Vice-Presidente feminina indo e afro americana.
“Nenhum humano é um estrangeiro para nós”.