Opinião
Letras | Gramática da Fantasia: Every Story Matters
Incluir é promover condições para que a diferença possa ser natural, aceite, aberta às mesmas oportunidades
Fala-se hoje muito na palavra inclusão… é comum vê-la como um conceito trendy nos títulos de jornais, notícias das redes sociais, em discursos diversificados, seminários, ou outros momentos mais. Se por um lado podemos considerar que a abordagem do conceito é benéfica para que se fale no assunto e para “tornar a diversidade mainstream”, ideia que vou beber nos interessantíssimos debates da Acesso Cultura - Associação Cultural que promove o acesso das pessoas na sua diversidade à participação cultural, apoiando a autonomia de cada pessoa, entendo que a utilização do termo como o tenho visto nalguns espaços é vazio de sentido e muitas vezes conducente a uma discriminação positiva, não obstante a enorme boa vontade de quem se apropria do tema e entende estar a fazer e a dizer o melhor na sua boa vontade.
A Acesso Cultura foi parceira recentemente num projeto intitulado Every Story Matters, que procura promover a participação e o direito a todas as pessoas à fruição literária a ao despertar da criatividade, à promoção da escrita e da ilustração encorajando a criação de livros mais inclusivos que promovam a representatividade de todos na literatura e, em particular na literatura para os mais novos. Esta proposta concebida em conjunto com equipa da Flandres Literature (Bélgica), Rose Stories (Países Baixos); JAK (Eslovénia); Zagreb Book Festival, Nederlands Fonds Dutch Foundation for Literature; Acesso Cultura e apoiado pela Comissão Europeia por intermédio do Programa Europa Criativa, pretende encontrar estratégias para tornar a literatura verdadeiramente inclusiva e promover a representatividade, (entenda-se por colocar em discurso na primeira pessoa uma diversidade de pessoas na sua pluralidade de tons de pele, aspeto físico, pessoas com deficiências, pessoas de culturas diversificadas, idades e origens sociais) bem como o acesso a todos e a todas a participar em projetos editoriais e do âmbito da criatividade.
Para tal foram promovidos nos vários países parceiros debates, seminários, workshops, sessões de mentoria, edições de livros, etc... como formas de promover o diálogo em torno destes temas na esperança de operar mudanças e consertar esforços para promover a verdadeira inclusão... aquela que une pessoas, que as transforma e envolve com as outras fazendo-as partilhar experiências, problemas, vontades e sonhos comuns ou incomuns, sem barreiras nem obstáculos. Porque incluir não é criar momentos e espaços acessíveis para a diferença per se e na sua “bolha”, mas promover condições para que a diferença possa ser natural, aceite, incluída no seio da “norma” e aberta às mesmas oportunidades… E já agora mãos à obra pois como diz o mote do projeto “todas as histórias importam e todos os esforços, mesmo que muito simples, também!”
PS: Obrigada Maria Vlachou e Acesso Cultura pela oportunidade e por nos ajudarem a ser todos os dias um bocadinho melhores pessoas.