Opinião
Literatura | Gramática da Fantasia : Museus: uma porta para o mundo, uma casa para todos
Os livros são para mim na maioria das vezes pontos de partida para quase tudo.
São indutores de projetos transversais a várias idades e pretextos bons para trabalhar temas diversificados. Há um conjunto de livros muito interessantes da autoria da Mafalda Brito e do Rui Pedro Lourenço, que trazem a miúdos e graúdos as biografias de pintores de referência em Portugal que são deliciosos.
São também a Mafalda e o Rui, autores de uma coleção publicada pelo Município de Leiria, que põe em evidência a história da nossa cidade. Uma destas obras, O Menino do Lapedo, foi o mote para um espectáculo de marionetas, encomendado pelo Museu de Leiria, à Companhia de Teatro de Valdevinos ( Sintra) ao qual tive o privilégio de assistir com vários grupos de alunos de 1.º Ciclo e a que a cada sessão se me arrepiou a pele e turvaram os olhos, pelo espectáculo em si, mas principalmente pela reação maravilhosa, encantada e encantadora dos mais de 200 alunos que por ali passaram nas várias sessões.
São parcas as palavras para transmitir as emoções à flor da pele que contagiaram miúdos e graúdos ao longo do espetáculo. O ambiente aconchegante, aliado a um cuidado extremo na performance dos atores, a qualidade e simplicidade dos cenários, fiéis com os devidos ajustes à ilustração, a concepção das marionetas esculpidas cuidadosamente em madeira, encantaram miúdos e graúdos num momento verdadeiramente marcante e diferenciador.
Quando durante o espetáculo não vemos agitação alguma, para lá dos olhitos arregalados, e das bocas boquiabertas, e quando no final depois das palmas entusiastas não arredam pé e aos poucos timidamente começam a levantar os pequenos indicadores e a questionar a companhia, a mim mediador e ponte entre a escola e o museu e à equipa do museu, embargam-se as palavras com uma sensação boa de dever cumprido e de estarmos a fazer a coisa certa.
Também no Museu de Leiria, desta feita meninos e meninas do Jardim de Infância participaram nas oficinas Sons em Movimento uma performance site specific na Exposição Plasticidade, mais um conjunto de momentos mágicos que encantaram miúdos e graúdos…fruto da qualidade inquestionável da exposição e da performance brilhante da Inesa e da Laura.
Quanto a mim, enquanto agente cultural, que medeia estas relações entre a escola e a cultura e as artes e que cuida tanto a questão da formação de públicos informados, a democratização e a democracia cultural, só posso mesmo estar feliz, por sentir na minha cidade um museu pleno de proximidade, de afetos e de programação de qualidade, um museu cheio de gente, de encontro de gerações…de vida…um museu feito de história, mas um museu cheio e feito também…de PESSOAS!
Boas Festas a todos! Repletas de livros, de museus, de experiências boas mas, principalmente, de afetos e pessoas!
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