Opinião
Manuais escolares? Não!
Numa pausa das tarefas domésticas dei comigo a olhar para uma palmeira plantada no jardim à minha frente e deume para a comparar com uma igual que, na mesma altura, eu plantei num dos vasos da minha varanda.
Que diferença! A primeira sem grandes cuidados cresceu livre e está esplendorosa enquanto a minha, apesar dos mimos que lhe dou, está pequenina aprisionada num vaso.
Neste contexto lembrei-me de uma crónica do genial Lobo Antunes onde ele dizia ser um problema de educação a resposta para a pergunta formulada por Alexandre Dumas no seu diário: “Por que motivo há tantas crianças inteligentes e tantos adultos estúpidos?”.
Nessa reflexão afirma Lobo Antunes que em contexto educativo “uma criança criativa é herética e subversiva e claro que isso assusta os professores que exigem aos alunos uma normalização que conduz inevitavelmente à mediocridade que tanto tranquiliza os pais”.
E porque as conversas são como as cerejas, juntei a estas duas (neste caso a conversar de mim para mim) uma terceira: a discussão em torno da reutilização de manuais escolares.
Porquê? Porque considero serem os manuais escolares de adoção obrigatória, novos ou reutilizados, funcionalmente semelhantes ao vaso onde meti a minha palmeira.
Eles são responsáveis por aprisionar as capacidades das crianças dentro de uma normalidade geradora da tal mediocridade referida pelo escritor.
Vejamos: no início do ano os professores subordinam muito da planificação das suas aulas aos conteúdos e à forma como eles são sequenciados no manual escolhido.
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* Professora
Texto escrito de acordo com a nova ortografia