Opinião

Menor e não vacinada

4 mai 2017 00:00

O meu maior sonho é ir à Lua, ver a Terra de lá. Não sou fã do Principezinho, mas gosto do que essa viagem me traria: um zoom out à Terra, a consequente segurança da relativização.

Quando morreu a menor e não vacinada Inês, fomos todos velozes em apontar dedos, censurando mortos e vivos. Eu acredito na vacinação obrigatória. Mas também creio que a indústria farmacêutica é um papão.

A morte e a doença são negócios tão inevitáveis quanto as mesmas. Deixar de fora da equação as vidas que se salvam e a dor dos pais da jovem (que é de verdade), é maldoso.

A nossa percepção das situações dolorosas é meramente empática, ao contrário do que acreditamos. Não nos acontecendo a nós, temos, pelo menos, de ter a decência e a maturidade de verificar as parcelas todas antes de deitarmos contas às vidas dos outros.

Os White Stripes dizem na sua canção (Seven Nation Army): Don't wanna hear about it, every single one has a story to tell, everybody knows about it, from the queen of England to the hounds of hell.

Algo como: toda a gente tem algo para contar, não quero saber, toda a gente já sabe, desde a Rainha de Inglaterra aos cães do Inferno. Na verdade, somos incapazes de fazer abstração. A nossa resposta é sempre emocional.

Leia mais na edição impressa ou torne-se assinante para aceder à versão digital integral deste artigo.

*Músico